Não há muitas coisas certas na vida. A morte, certamente. A visita com o carro ao bate-chapas, logo a seguir.
Quem nunca tenha amolgado uma capota, entortado um pára-choques, ou partido um retrovisor que atire a primeira pedra. Eu, por mim, dei hoje um passo decisivo rumo à tradição, ao arrancar um pára-choques de uma camioneta estacionada a meio de uma curva que não consegui fazer à primeira.
Consumado o acto, lá saí do carro aos guinchos, como é da praxe, invectivando o condutor a aprender a estacionar. O homem, rapaz novo de cabeleira rapada e tatuagem no braço, apareceu, por de trás da camionete, igualmente aos urros e sugerindo-me que fosse aprender a conduzir. Está visto que não assinámos a «declaração amigável».
Por essa precisa razão, o carro da GNR que ambos chamámos, acabou por aparecer ao fim uma hora de espera. Uma espera longa e quente, a duzentos metros de uma ensolarada praia algarvia, onde o jovem motorista estacionara para libertar algumas dúzias de bifes aloirados, rumo a um qualquer aparthotel.
Quando esperávamos dois austeros agentes de autoridade, eis que nos surgem duas austeras agentes de autoridade: «Benedita» e «Cunha», ou nomes parecidos, exibidos numas plaquinhas penduradas nos peitos de cada uma delas. Quanto ao mais, diria que se tratavam de duas exímias defensoras da lei e da ordem pública na casa os trinta, óculos «Ray-ban» espelhados à aviador, gel nos cabelos (loiro e moreno), com ar de quem acabou de sair do duche, botas altas sobre umas calças francamente justas. Muito justas, como é exigível a quem defende a lei, e botas altas, muito altas, como é próprio de quem a tem de aplicar.
De resto, o trivial: como, em Portugal, autoridade é sinónimo de má disposição, eu e o magarefe da transportadora fomos tratados abaixo de cão: ordens e mais ordens, papéis para cá, papéis para lá, respostas secas a perguntas obscenamente sebosas. No fim de tudo, com um ar cúmplice, fomos cada um para seu lado. As agentes da lei seguiram, mal encaradas, o seu caminho e nós o nosso.
Por mim, que não concebia uma tão forte conciliação de autoridade com um vestuário tão apelativo que não fosse a rodopiar em certos varões metálicos, é certo e seguro que amanhã, pela mesma hora, lá voltarei a fazer a curva. Desta vez em velocidade acelerada, à espera de outro pára-choques amigo.
Quem nunca tenha amolgado uma capota, entortado um pára-choques, ou partido um retrovisor que atire a primeira pedra. Eu, por mim, dei hoje um passo decisivo rumo à tradição, ao arrancar um pára-choques de uma camioneta estacionada a meio de uma curva que não consegui fazer à primeira.
Consumado o acto, lá saí do carro aos guinchos, como é da praxe, invectivando o condutor a aprender a estacionar. O homem, rapaz novo de cabeleira rapada e tatuagem no braço, apareceu, por de trás da camionete, igualmente aos urros e sugerindo-me que fosse aprender a conduzir. Está visto que não assinámos a «declaração amigável».
Por essa precisa razão, o carro da GNR que ambos chamámos, acabou por aparecer ao fim uma hora de espera. Uma espera longa e quente, a duzentos metros de uma ensolarada praia algarvia, onde o jovem motorista estacionara para libertar algumas dúzias de bifes aloirados, rumo a um qualquer aparthotel.
Quando esperávamos dois austeros agentes de autoridade, eis que nos surgem duas austeras agentes de autoridade: «Benedita» e «Cunha», ou nomes parecidos, exibidos numas plaquinhas penduradas nos peitos de cada uma delas. Quanto ao mais, diria que se tratavam de duas exímias defensoras da lei e da ordem pública na casa os trinta, óculos «Ray-ban» espelhados à aviador, gel nos cabelos (loiro e moreno), com ar de quem acabou de sair do duche, botas altas sobre umas calças francamente justas. Muito justas, como é exigível a quem defende a lei, e botas altas, muito altas, como é próprio de quem a tem de aplicar.
De resto, o trivial: como, em Portugal, autoridade é sinónimo de má disposição, eu e o magarefe da transportadora fomos tratados abaixo de cão: ordens e mais ordens, papéis para cá, papéis para lá, respostas secas a perguntas obscenamente sebosas. No fim de tudo, com um ar cúmplice, fomos cada um para seu lado. As agentes da lei seguiram, mal encaradas, o seu caminho e nós o nosso.
Por mim, que não concebia uma tão forte conciliação de autoridade com um vestuário tão apelativo que não fosse a rodopiar em certos varões metálicos, é certo e seguro que amanhã, pela mesma hora, lá voltarei a fazer a curva. Desta vez em velocidade acelerada, à espera de outro pára-choques amigo.
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