02 julho 2007

provar as coisas boas

Murray Rothbard (1926-95) é um dos cinco eleitos na sondagem da revista Liberty a que me refiro num post anterior. Os outros são Mises, Rand, Friedman e Hayek.

Assistente assíduo das célebres conferências de Mises na Universidade de Nova York, Rothbard levou às últimas consequências as doutrinas do seu mestre, e ele próprio se tornou um dos fundadores e o líder intelectual inconstestado do Libertarian Party nos EUA.

Ele era um anarco-capitalista, judeu e militantemente ateu. A sua obsessão pela liberdade levava-o a fazer gala de ter escolhido para viver o mais livre de todos os estados americanos - o Estado do Nevada. Durante muitos anos, praticamente até à sua morte, foi professor na University of Nevada at Las Vegas.

Tal como a generalidade dos autores neoliberais mais influentes, Rothbard nunca atribuíu importância à religião na prossecução do ideal de liberdade - um ideal que, naturalmente, ele tinha em altíssima conta. Foi um dos poucos que corrigiu a sua posição (o outro foi Hayek), embora já na fase final da sua vida. E acabou a escrever artigos de enorme apreço e consideração pela tradição da Igreja Católica na prossecução do ideal de liberdade e a atribuir à Igreja - através da célebre Escola de Salamanca - a génese do liberalismo moderno.

Conta-se que já na fase final da sua vida lhe perguntaram qual aquele, dentre todos os lugares que visitou no mundo, mais aproximava o seu ideal de liberdade. Ele respondeu que era a Guatemala, o país católico da América Latina onde frequentemente se deslocava para fazer conferências e dar aulas na Universidad Francisco Marroquin, na cidade de Guatemala.

O grupo de intelectuais libertários que o rodeavam na América, e que viam nele o líder supremo e absoluto na prossecução do ideal de liberdade (Rothbard acabou a gerar uma espécie de culto, tal como Ayn Rand), nem podiam acreditar. Atribuiram-lhe sintomas de senilidade precoce e procuraram abafar o desabafo.

3 comentários:

Anónimo disse...

As sociedades mais liberais são também as mais católicas. O mais intrigante é como os blasfemos ainda não enxergaram isso!!

No que concerne ao liberalismo, o blasfémias ainda tem muito que aprender.

4 hero

CN disse...

Caro Pedro Arroja

Mais uma vez acho que está a caracterizar mal Rothbard e os seus seguidores.

Primeiro, não "gerou" nenhuma espécie de culto como Ayn Rand.

Dificilmente podemos caracterizar o LvM institute e www.lewrockwell.com como "culto" comparando com os sites e organizações ligados a Ayn Rand e o Objectivismo.

Além de que o primeirou produziu trabalho académico muito diverso ao contrário de Ayn Rand (seja qual fõr o grande valro da obra desta e que eu próprio aprecio com algumas reservas críticas).

Muito menos os seus "seguidores" procuraram esconder o que quer que fosse. Pelo contrário. Foram os seus "não seguidores" libertarians que achavam que não podiam estar associados como "libertarians" a determinadas conclusões e posições de Rothbard.

Segundo, não mudou de opinião no sentido que lhe quer dar.

Os primeiros textos de Rothbard sobre a ICAR e os escolásticos existem já há muito tempo (muito antes da "fase final" da sua vida).

A "fase final da sua vida" poser lida na sua totalidade nos textos disponibilizados no www.lewrockwell.com e em nada se vislumbra "mudanças".

Talvez o único aspecto em que tenha mudado foi deixar de considerar a "livre imigração" como uma posição consistente, passanod a reconhecer que ninguém tem o direito universal a circular na propriedade dos outros.

Para consultar a "fase final da sua vida, ler

http://www.lewrockwell.com/rothbard/rothbardXXX.html

substituindo XXX por 1, 2, etc.

Aí está a "fase final" da sua vida.

CN disse...

E muito importante.

Tendo fundado o anarco-capitalismo do ponto de vista teórico pela via Direito Natural (ou seja, comapativel com o pensamento católico) nunca o abandonou. Pelo contrário, continuou a investigar sobre o assunto.

Foi o filho de Friedman que conebe o ancap pela via utilitária, muito à Chicago School, escola a que ROthbard sempre foi hostil (aliás mutua).

Do que se afastou foi de um certo "left-libertarianism" (tipo Tom Palmer e outros casos mais graves).