13 julho 2007

para onde vai a direita?

Aí há uns tempos, António Pires de Lima disse uma coisa francamente oportuna e manifestamente inteligente: que a direita tinha falhado nos governos de coligação PSD/CDS por não estar preparada para assumir o poder.

Desta afirmação retiravam-se várias conclusões sobre o passado, mas as que mais importavam eram sobretudo as que podiam aproveitar ao futuro. Entre elas, uma evidência: que a direita devia aproveitar o, na altura, longo consulado socrático, para configurar uma alternativa séria e credível ao poder socialista. Convenhamos que manifestamente não o fez, como, pior ainda, se encontra numa situação muito pior do que a anterior à coligação de 2001.

Do ponto de vista institucional o PSD é governado por figuras historicamente secundárias, sem peso específico, incapazes de mobilizar o entusiasmo de um único cidadão eleitor. Mas, o que é mais preocupante é que, pela primeira vez na sua história, o PSD não tem um D. Sebastião, isto é, uma personalidade a caminho inevitável da liderança: Sá Carneiro, Cavaco Silva, Durão Barroso e Santana Lopes cumpriram esse papel ao longo da história do partido. Ao PSD nunca faltou, na sombra ou à luz clara do dia, um herdeiro salvador. Agora não tem ninguém.

No CDS Paulo Portas cedeu ao vício e aos apelos do aparelho, não soube esperar pela sua oportunidade, que poderia tê-lo projectado para além das fronteiras tradicionais do CDS, e deixou-se enredar numa ópera bufa, sem igual na história dos nossos partidos. Os resultados estão à vista e, por melhor que lhe corram as coisas nos próximos meses, o que parece estar longe de vir a acontecer, Portas está condenado a ser o líder de um pequeno partido e do seu reduzido grupo de fiéis, por sinal exactamente o mesmo que tinha quando deixou o partido há três anos. Crescer está fora de questão, conquistar votos ao PSD, mesmo a um PSD nos limites máximos da sua debilidade, também parece que não acontecerá. Irreflectido e imponderado, Paulo Portas perdeu uma excelente oportunidade de se credibilizar pelo silêncio e pela moderação, e de, com um tempo que correria inevitavelmente a seu favor, aparecer aos olhos da opinião pública como a figura mais credível e carismática da direita. Que necessariamente acabaria por se lhe render. Preferiu, ao invés, ir com o «seu» aparelho para os Conselhos Nacionais discutir estatutos e assobiar a «Zézinha». A brincadeira vai sair-lhe cara, como já na altura qualquer pessoa sensata poderia prever. É pena, mas é também tarde demais.

Por isso, sejam quais forem os resultados de domingo, eles serão somente uma pequena amostra do que a direita arrisca nas próximas legislativas. É que, mesmo com índices máximos de impopularidade social, o partido que lidera o governo e o seu chefe continuam muito à frente dos outros todos nas sondagens: Por daqui a algum tempo, quando Sócrates «regressar» de Bruxelas, terá início o ciclo das «vacas gordas» próprio dos períodos pré-eleitorais. Ora, se a direita não teve nada a dizer ao país até agora, não será nessa altura que o país a vai querer ouvir.

2 comentários:

PintoRibeiro disse...

Não vejo assim as coisas, mas, opiniões são opiniões. Mesmo concordando PL.
Bom fim de semana.

MP disse...

O novo 'look' está espectacular!
:)

Parabéns!