13 julho 2007

o nosso e o deles


Na citação mencionada no meu post anterior, Ratzinger afirma várias ideias e algumas teses que, em parte, eu tenho vindo a defender aqui:
1. A concepção moderna (iluminista, é o termo que utiliza) de liberdade funda-se na atribuição e na reivindicação de um conjunto de direitos positivos ao homem.
2. Entre estes direitos, encontra-se o direito de cada um exprimir a sua própria opinião. Apenas com uma restricção: ninguém é livre de se exprimir contra este direito - isto é, contra a democracia.
3. Os direitos positivos que visam a igualdade democrática entre todos os homens, e proibem as discriminações, conduzem directamente à intolerância e à censura.
4. Por isso, esta concepção de liberdade conduz à destruição da liberdade.

Sobre o conflito de civilizações:
Aquilo que indigna os muçulmanos não é o facto de nós sermos cristãos porque, apesar dos conflitos passados, as duas religiões sempre conseguiram conviver. Aquilo que os indigna é o facto de a nossa sociedade crescentemente secularizada desvalorizar Deus ao ponto de o negar. Sendo Deus o mesmo - o nosso e o deles - a nossa negação de Deus equivale a negarmos o deles. E isso eles não conseguem suportar.


7 comentários:

lusitânea disse...

De certeza que eles consideram que o deus deles é o "nosso"?

Anónimo disse...

"...a nossa negação de Deus equivale a negarmos o deles. E isso eles não conseguem suportar."

É verdade que para os muçulmanos o facto de a blasfémia contra Cristo não ser punida entre nós (mas já o ser a negação da versão oficial do holocausto judeu) é algo de incompreensível e chocante. Ahmedinejad afirmou a propósito disto que os europeus colocaram no lugar de Deus o mito do holocausto judeu. Em geral consideram-nos desenvolvidos e eficientes no domínio económico, mas decadentes, relativistas e anómicos em matéria de valores, de moral e religião. Isso choca-os, mas não diria que seja algo que não consigam suportar.

O que não conseguem suportar são os dois pesos e duas medidas da ordem internacional americano-sionista e as invasões e ocupações (Palestina, Iraque, Afeganistão, Somália, Chechénia, Caxemira, Ceuta e Melilla, etc) a que estão sujeitos. Não é o nosso way of living que odeiam (bem pelo contrario) mas antes o nosso way a killing muslims.

Miguel Madeira disse...

«De certeza que eles consideram que o deus deles é o "nosso"?»

Absoluta.

Anónimo disse...

Aliás é isso que caracteriza as três religiões monoteístas do Livro: terem o mesmo Deus...

lusitânea disse...

Ò euroliberal vi que para coincidir com a Al Qaeda na sua lista falta o Al Andaluz... depois de ter "metido Ceuta e M..."
"Dialogadores assim é de que els gostam"...

Diogo disse...

«Sobre o conflito de civilizações»

Pedro Arroja, você nunca me chegou a explicar o que é que embateu no Pentágono. Não seria melhor tirar primeiro isso a limpo antes de falarmos do ódio que os muçulmanos sentem por nós?

Anónimo disse...

Aos muçulmanos indigna-os que os nascidos nos territórios «cristãos» tenham a liberdade de ser ateus.

Esta indignação autoriza-nos a considerá-los os selvagens que de facto são.

A nós indigna-nos que eles ainda acreditem nas invenções que uns tantos selvagens ainda piores que eles escreveram num livro; que creiam piamente que basta um vigarista qualquer ter dito há muitos anos «foi Deus que me ditou este livro» para esse livro ser automaticamente «a verdade»; e que tenham a pouca vergonha de sacralizar esses compêndios monstruosos de tudo quanto na nosa cultura é crueldade, irracionalismo, mito e superstição: A Torah, o Corão e a Bíblia.