Os resultados eleitorais dos últimos anos, em Portugal, fazem pressentir um perigo com o qual não vi ainda ninguém preocupar-se: o do PS ocupar definitivamente o centro político do sistema, fidelizando os votos que conseguiu tirar ao PSD.
Vários aspectos concorrem para essa possibilidade e outros tendem mesmo a demonstrá-la.
Quanto aos primeiros, repare-se que a gestão de Sócrates tem colocado o Partido Socialista a uma distância cada vez maior da sua história política. O PS é, actualmente, quer no governo, quer no discurso partidário, quer no seu pessoal dirigente, um partido neutro, com posições situadas ora mais à esquerda, ora mais à direita, mas seguramente que já não é o partido do socialismo histórico da República refundado por Mário Soares e herdado por Jorge Sampaio e, até, por António Guterres. Os seus quadros políticos, de que Pedro Silva Pereira é o paradigma, tanto podiam estar neste PS, como no PSD. As suas políticas, concretamente as inspiradas no discurso do rigor e da contenção, não diferem muito das de Manuela Ferreira Leite, pelo menos nos fundamentos invocados, e agradam mais ao povo da direita do que à esquerda.
Por outro lado, e entramos nos aspectos demonstrativos, a direita devia preocupar-se com o facto do PS ter à sua esquerda duas forças políticas de médio porte, eleitoralmente consolidadas: o PCP e o BE. É que, ao contrário do que seria aritmeticamente normal, o crescimento do PS deveria ter diminuído o espaço eleitoral à sua esquerda. Não só isso não aconteceu, como aconteceu exactamente o inverso: esse espaço aumentou e gerou até um novo partido com expressão eleitoral. Em contrapartida, à direita do PSD, o CDS esvai-se e corre o risco de desaparecer. Estes vestígios podem indiciar que o eleitorado de centro se revê, de facto, no PS, enquanto que as suas franjas mais esquerdistas se encostaram ao BE.
Se a isto acrescentarmos o facto de a direita não se ter renovado, nem nas ideias, nem nas pessoas, de não apresentar um discurso alternativo credível e, pior do que isso, não se vislumbrar ninguém que o possa vir a fazer nos próximos tempos, a direita arrisca uma nova, e pesada, derrota eleitoral nas próximas legislativas. Se isso acontecer, duvido que o PSD e o CDS consigam resistir a mais quatro anos de maioria absoluta socialista, acreditando seriamente que a tão propalada «refundação da direita» tenha que fazer-se, nesse novo ciclo, para além dessas estruturas partidárias.
Vários aspectos concorrem para essa possibilidade e outros tendem mesmo a demonstrá-la.
Quanto aos primeiros, repare-se que a gestão de Sócrates tem colocado o Partido Socialista a uma distância cada vez maior da sua história política. O PS é, actualmente, quer no governo, quer no discurso partidário, quer no seu pessoal dirigente, um partido neutro, com posições situadas ora mais à esquerda, ora mais à direita, mas seguramente que já não é o partido do socialismo histórico da República refundado por Mário Soares e herdado por Jorge Sampaio e, até, por António Guterres. Os seus quadros políticos, de que Pedro Silva Pereira é o paradigma, tanto podiam estar neste PS, como no PSD. As suas políticas, concretamente as inspiradas no discurso do rigor e da contenção, não diferem muito das de Manuela Ferreira Leite, pelo menos nos fundamentos invocados, e agradam mais ao povo da direita do que à esquerda.
Por outro lado, e entramos nos aspectos demonstrativos, a direita devia preocupar-se com o facto do PS ter à sua esquerda duas forças políticas de médio porte, eleitoralmente consolidadas: o PCP e o BE. É que, ao contrário do que seria aritmeticamente normal, o crescimento do PS deveria ter diminuído o espaço eleitoral à sua esquerda. Não só isso não aconteceu, como aconteceu exactamente o inverso: esse espaço aumentou e gerou até um novo partido com expressão eleitoral. Em contrapartida, à direita do PSD, o CDS esvai-se e corre o risco de desaparecer. Estes vestígios podem indiciar que o eleitorado de centro se revê, de facto, no PS, enquanto que as suas franjas mais esquerdistas se encostaram ao BE.
Se a isto acrescentarmos o facto de a direita não se ter renovado, nem nas ideias, nem nas pessoas, de não apresentar um discurso alternativo credível e, pior do que isso, não se vislumbrar ninguém que o possa vir a fazer nos próximos tempos, a direita arrisca uma nova, e pesada, derrota eleitoral nas próximas legislativas. Se isso acontecer, duvido que o PSD e o CDS consigam resistir a mais quatro anos de maioria absoluta socialista, acreditando seriamente que a tão propalada «refundação da direita» tenha que fazer-se, nesse novo ciclo, para além dessas estruturas partidárias.
8 comentários:
Sem dúvida.
Pois...
Por essas e por outras é que o PSD não volta a apanhar votos meus tão cedo. Sim, têm implantação nacional, vocação de poder, máquina eleitoral, isso tudo. Só não percebo o que é aquela gente. Em termos ideológicos, claro. Claro que ter diversidade interna ajuda a alguma flexibilidade táctica, mas é preciso ter um rumo. E não estou a ver isso por aqueles lados.
Do CDS é melhor não dizer muito. Até porque ainda temos de reencontrar o verdadeiro CDS das origens, que estava mais em linha com o que cá chamamos de "direita" do que esta rapaziada tresloucada. Será que dá para correr com aquela corja do sítio?
Gente amiga aconselhou-me a não encarar a vida com o meu habitual pessimismo, pois isso tira-me descontracção e alegria de viver. Obviamente, não estavam a falar de política.
Cordialmente,
Fernando Barragão.
Excelente post! De facto, é muito perigoso o PS ocupar o cenário político da forma que está a fazê-lo, mas repare, a oposição é feita pelo próprio PS e não pelos partidos de direita... O CDS,na minha opinião, tem os dias contados...
Parabéns pela sua análise e pelo post!
comentário que pus no blasfémias:
nem mais! a esquerda "à esquerda do PS" teve em Lisboa 27%. anseio por uma geração de analistas à direita que saiba encarar isto com realismo, porque ontem (quando os comentaristas de direita estavam numa proporção de 2/1 nos canais de TV) a única coisa que se ouvia era um suicidário dourar de pílula...
a mim pessoalmente não me prejudica que a direita não caia na real, mas não só a coisa é intelectualmente enervante como pode permitir o nascimento de aventuras tipo PNR.
Só quem ainda não percebeu isso, foi Marques Mendes, os dirigentes do PSD e os "decisores de opinião" afectos ao PSD.
Por isso, sempre apostei em Paulo Portas (reconhecia-lhe capacidade e competência), no sentido de se antecipar ao PSD, na refundação da direita, que tem o seu espaço próprio no nosso país. Mas, PP, tem o tal "complexo de porteira" ao relação ao PSD, (aprendi este termo com a Esquerda Republicana), e não consegue soltar as amarras, para além de não conseguir libertar-se dos fantasmas do passado e construir uma direita moderna, liberal e pró-Europa.
Olá Rui,
Será por aí que Santana Lopes vai entrar?
E terá ele capital político para apresentar um novo partido, que seja efectivamente diferente, ou essa eventualidade sconduziria apenas a uma versão mais enfeitada do actual psd?
A vantagem da situação actual é que ela torna muito difícil novas fugas para a frente. A Direita bateu na parede, e vamos ver se é capaz de encontrar maneiras de voltar a viver.
Os independentes ainda podem vir a ser a nossa salvação... eheheheh!!!
Abraço.
Olá, António!
A direita já bateu na parede quando o PS lhe ganhou com maioria absoluta as legislativas. Só que é tão pitosga que nem sequer ontem percebeu...
Abç.
Há quantos anos os senhores não lêem jornais e não vêem televisão?
Se o fizessem já teriam reparado que desde que as crianças, que hoje já têm mais de 20 anos, começaram a ler jornais o que é que eles lêem?
Que é quase anti-social todo aquele que não for de esquerda...
É normal que as pessoas com consciência política já formada quase não notem, mas que é que se espera dos jovens que toda a vida leram que os males do mundo vêm da direita, e que é vergonhoso ser-se de direita?
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