Durante o período do chamado liberalismo português, nenhuma geração de intelectuais foi mais influente do que a geração de 70. O programa das Conferências do Casino (1871) - também chamadas Conferências Democráticas para reflectir o espírito da época - era um programa verdadeiramente revolucionário. Ele propunha-se celebrar a democracia e revolucionar a sociedade, questionando as instituições, difundindo o espírito das luzes e entronizando a ciência contra a fé, defendendo as ideias socialista e também as republicanas - tudo isto com o propósito explícito de modernizar o país, apelando à sociedade civil e à opinião pública.
Vinte anos mais tarde, passado o fulgor da juventude, os líderes da geração de 70 tinham ganho algum juízo e eram agora adeptos confessos da monarquia - como Oliveira Martins, Eça de Queirós, Antero de Quental e, mais tarde, também Ramalho Ortigão. Assim, para Eça, "O Rei surge como a única força que no País ainda vive e opera" (1891) e a revolta republicana de 31 de Janeiro de 1891 tinha sido, na opinião dele, um mero "furúnculo revolucionário".
Alguns dentre eles eram agora cesaristas convictos, a sua esperança na sociedade civil e na opinião pública para revolucionar o país tinha enfraquecido consideravelmente ao ponto de desaparecer. Assim, segundo Oliveira Martins, "Em sociedades que chegaram à dissolução da nossa, e que em tal estado se vêem a braços com a economia em crise, as revoluções, para serem fecundas e não serem mortais, têm de partir de cima. É isto que me sugere o aspecto desse rei [D. Carlos I], moço e infeliz, mas que da própria mocidade tem de tirar a força para salvar o reino dos seus avós, salvando-se a si próprio com a memória deles." (1892).
Vinte anos mais tarde, passado o fulgor da juventude, os líderes da geração de 70 tinham ganho algum juízo e eram agora adeptos confessos da monarquia - como Oliveira Martins, Eça de Queirós, Antero de Quental e, mais tarde, também Ramalho Ortigão. Assim, para Eça, "O Rei surge como a única força que no País ainda vive e opera" (1891) e a revolta republicana de 31 de Janeiro de 1891 tinha sido, na opinião dele, um mero "furúnculo revolucionário".
Alguns dentre eles eram agora cesaristas convictos, a sua esperança na sociedade civil e na opinião pública para revolucionar o país tinha enfraquecido consideravelmente ao ponto de desaparecer. Assim, segundo Oliveira Martins, "Em sociedades que chegaram à dissolução da nossa, e que em tal estado se vêem a braços com a economia em crise, as revoluções, para serem fecundas e não serem mortais, têm de partir de cima. É isto que me sugere o aspecto desse rei [D. Carlos I], moço e infeliz, mas que da própria mocidade tem de tirar a força para salvar o reino dos seus avós, salvando-se a si próprio com a memória deles." (1892).
A sua confiança na democracia e no povo tinha dado lugar ao apelo à ditadura e à elite. Ainda Oliveira Martins: "Ce qu´il faudrait au Portugal, c'est la dictature d´un roi servi par des hommes capables: si cette hypothèse ne se réalise pas, ce n´est pas difficile à prévoir que (...) l´État tombera rapidement en décomposition" (1892).
Restará, talvez acrescentar, como se fosse surpresa, que todos estes homens da geração de 70 que tinham começado a sua vida como revolucionários genuínos, pondo em causa todas as instituições - e, em particular, o Estado e a Igreja - acabaram todos com empregos no Estado - a única excepção foi Antero - e, nalguns casos, como Eça, empregos que eram verdadeiros tachos.
Restará, talvez acrescentar, como se fosse surpresa, que todos estes homens da geração de 70 que tinham começado a sua vida como revolucionários genuínos, pondo em causa todas as instituições - e, em particular, o Estado e a Igreja - acabaram todos com empregos no Estado - a única excepção foi Antero - e, nalguns casos, como Eça, empregos que eram verdadeiros tachos.
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