21 julho 2007

7258

«Tem que sangrar», diz Narana Coissoró, segundo o Expresso, sobre Paulo Portas, como se estivesse a falar do reco que tem lá na quinta a engordar para a matança. Coissoró foi, durante anos, o eterno deputado do CDS, que Manuel Monteiro despedira em nome da refundação do partido e que Portas recuperou, no Congresso de Braga, em nome da «reconciliação» com a heróica história do partido e os seus «míticos» dirigentes.
Já Manuel Queiró, um pouco mais meigo, não deixa de dizer que o «CDS precisa de outros protagonistas». Quem sabe, dele próprio. Queiró foi, também, uma das promessas de Portas em 98 e nos anos seguintes, que se zangou com o líder do partido por este não lhe ter dado a importância (e os lugares) que julgava merecer.
E dentro do chamado «portismo», a acreditar no mesmo jornal, as brechas também começam a surgir: Telmo Correia insinua-se enganado por uma sondagem optimista com que lhe acenaram suas possibilidades na eleição autárquica de Lisboa, mas que nunca viu. Telmo, ingénuo, acredita nas pessoas e no que lhe dizem. Enganaram-no, coitado. Em relação a Nobre Guedes, que tem vários inimigos internos, a contestação sobe de tom. A «família portista», ainda há pouco unida, está agora desavinda e dividida entre «seniores», «juniores» e «jovens turcos».
Esta gente, que no seu conjunto vale, em Lisboa, a capital do Império, 7258 votos, note-se, sete mil duzentos e cinquenta e oito votos, vive enredada nos seus psicodramas de conflitos de personalidade, na disputa de influências que já não tem, e de posições, lugares, benefícios e regalias que ainda vai conseguindo alcançar e manter à custa de uma lei eleitoral generosa. Vive completamente divorciada do país, das pessoas comuns e dos eleitores, e desmerece a direita conservadora e liberal que diz representar.
O Dr. Portas, cujo regresso se fez à custa de hossanas com que estes, e outros, distintos cavalheiros lhe afagaram o ego, faria bem em regressar ao exílio e aguardar pacientemente, e de forma sustentada, a sua hora. Que, definitivamente, ainda não chegou e que pelo caminho que leva não voltará a soar.

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