Em trinta e quatro anos que já leva a III República, a direita portuguesa conseguiu eleger três primeiros-ministros – Francisco Sá Carneiro, Aníbal Cavaco Silva e Durão Barroso, e um chefe de Estado – o mesmo Aníbal Cavaco Silva que a liderou no governo durante mais de dez anos. Para além deste trio, a direita produziu três líderes com algum carisma no CDS – Lucas Pires, Manuel Monteiro e Paulo Portas – e pouco mais do que uma meia dúzia de putativos dirigentes, por uma ou por outra razão, fracassados – Mota Pinto, Pinto Balsemão, Santana Lopes, Freitas do Amaral e Marcelo Rebelo de Sousa. Verdadeiramente, no regime democrático, foi Cavaco Silva, com as suas qualidades e defeitos, quem mais a marcou, ao ponto de todos os líderes do PSD que lhe sucederam até aos dias de hoje, com a exótica excepção de Marcelo, terem passado pelos seus governos e serem criações políticas suas.
Durante esse compasso de tempo, a esquerda democrática, com epicentro no PS, teve Mário Soares, António Guterres e José Sócrates como primeiros-ministros, e dois chefes de Estado – Soares e Sampaio. Constâncio e Ferro Rodrigues não chegaram ao poder, mas dificilmente se lhes poderá chamar soaristas. Isto é, provavelmente por não cultivar a ideia paternalista do exercício do poder, cujas raízes democráticas se situam no gaullismo, essa espécie de salazarismo de brandos costumes que a direita portuguesa tanto admira, a esquerda desenvolveu uma personalidade própria independente e capaz de gerar alternativas sucessivas de poder. O mesmo não sucedeu com a direita.
No momento presente, o sentimento de orfandade com que a direita portuguesa sempre viveu no regime democrático, primeiro com a morte de Sá Carneiro, depois com o abandono de Cavaco, por quem poderá ela esperar? Está provado que os carismas não se inventam, nem se decretam, como ficou bem demonstrado com o anedótico episódio de fazer de António Borges o Cavaco dos tempos modernos. Como se tem igualmente tornado uma evidência, com Santana e o mais recente Portas, que ter talento político não chega: é, também, preciso saber conservá-lo.
É neste contexto que o nome de Durão Barroso faz sentido. É certo que abandonou o país e o governo. Mas não só não foi corrido do poder, no que é caso único na III República, como avançou pelo próprio pé para um dos mais importantes lugares políticos do mundo. Os portugueses são conhecidos por terem memória curta e acabam sempre por perdoar, como teria acontecido com António Guterres, segundo indicavam as sondagens presidenciais. E, bem vistas as coisas, é para arranjar boas justificações que se inventou o marketing político.
A verdade é que, à falta de melhor, quando Durão abandonar a Comissão, com prestígio político internacional e com a memória do seu passado de primeiro-ministro bem trabalhada, terá mais do que espaço de manobra para fazer do PSD e, por extensão, da direita, o que bem entender.
Durante esse compasso de tempo, a esquerda democrática, com epicentro no PS, teve Mário Soares, António Guterres e José Sócrates como primeiros-ministros, e dois chefes de Estado – Soares e Sampaio. Constâncio e Ferro Rodrigues não chegaram ao poder, mas dificilmente se lhes poderá chamar soaristas. Isto é, provavelmente por não cultivar a ideia paternalista do exercício do poder, cujas raízes democráticas se situam no gaullismo, essa espécie de salazarismo de brandos costumes que a direita portuguesa tanto admira, a esquerda desenvolveu uma personalidade própria independente e capaz de gerar alternativas sucessivas de poder. O mesmo não sucedeu com a direita.
No momento presente, o sentimento de orfandade com que a direita portuguesa sempre viveu no regime democrático, primeiro com a morte de Sá Carneiro, depois com o abandono de Cavaco, por quem poderá ela esperar? Está provado que os carismas não se inventam, nem se decretam, como ficou bem demonstrado com o anedótico episódio de fazer de António Borges o Cavaco dos tempos modernos. Como se tem igualmente tornado uma evidência, com Santana e o mais recente Portas, que ter talento político não chega: é, também, preciso saber conservá-lo.
É neste contexto que o nome de Durão Barroso faz sentido. É certo que abandonou o país e o governo. Mas não só não foi corrido do poder, no que é caso único na III República, como avançou pelo próprio pé para um dos mais importantes lugares políticos do mundo. Os portugueses são conhecidos por terem memória curta e acabam sempre por perdoar, como teria acontecido com António Guterres, segundo indicavam as sondagens presidenciais. E, bem vistas as coisas, é para arranjar boas justificações que se inventou o marketing político.
A verdade é que, à falta de melhor, quando Durão abandonar a Comissão, com prestígio político internacional e com a memória do seu passado de primeiro-ministro bem trabalhada, terá mais do que espaço de manobra para fazer do PSD e, por extensão, da direita, o que bem entender.
1 comentário:
Paulo Portas está para a direita como Sócrates para o PS.
Qualquer semelhança não é pura coincidência!
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