06 novembro 2006

referendo ao aborto

O referendo sobre a descriminalização do aborto vem a caminho, conforme compromisso assumido pelo partido do governo, tacitamente aceite pela maior parte da oposição.
Em face da seriedade do problema, dos valores morais envolvidos, que dizem respeito a todos quantos, infelizmente, se tenham confrontado com esse dilema em qualquer altura das suas vidas, mas e sobretudo, pelas experiências recentes dos processos e julgamentos mediáticos, seria bom que as partes em confronto expusessem as suas posições com clareza e sem demagogia. Nomeadamente, os que são favoráveis à penalização do aborto, que expliquem como pode uma sociedade como a nossa evitar, de facto e não no plano retórico das palavras e das boas intenções, esse flagelo. Enquanto que aqueles que defendem a descriminalização, que adiantem que medidas preventivas poderão vir a diminuir a dimensão do problema, em vez de se limitarem a tentar resolvê-lo depois de ter surgido.
Em suma, é conveniente que uns e outros não transformem o referendo num processo de disputa político-partidária ou religiosa, mas que estejam seriamente empenhados em encontrar respostas para um dos mais difíceis problemas do nosso tempo.

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