Cinco dias distante da pátria e um único «post» editado foram suficientes para perceber que o Brasil é um país terceiro-mundista e subdesenvolvido, e Portugal um farol de civilização. Curiosamente, alguns dos meus interlocutores, pessoas com quem falei no Rio de Janeiro e em São Paulo, duas parvónias de província que não vale a pena conhecer, não são da mesma opinião. Eles acham que, apesar de tudo, o Brasil é um país desenvolvido, com focos de excelência e outros muito acima da média, e no qual trabalham arduamente milhões de pessoas interessadas em avançar e em progredir. Eles pensam que, apesar do Lula, o Brasil continua a crescer economicamente a um ritmo elevado e que consegue viver já sem inflação. Eles julgam que os grandes factores de atraso do seu país são devidos ao excesso de intervencionismo do governo: o proibicionismo em relação à droga, que condena às favelas e à exploração milhões de seres humanos incapazes de conhecerem outro modo de vida, e que é causa primeira e maior da criminalidade e da insegurança que os aterroriza; a corrupção da classe política, mais interessada em encher os bolsos do que em permitir o desenvolvimento do país; e uma burocracia asfixiante, que impede o Brasil de se transformar numa potência mundial. Eles têm, ainda, uma última opinião: julgam que tudo isto não foi adquirido, mas que terá sido herdado e potenciado à sua escala. Adivinhem lá, agora, quem foi o «de cujus»?
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