03 abril 2006

masterplan

A história é de compreensão simples, elementar até, e qualquer indigente mental será capaz de a perceber: existe uma conspiração mundial para implantar o capitalismo universal, e dizimar o modelo social europeu e os direitos sociais arduamente conquistados e solidamente conservados ao longo das últimas décadas. O vértice deste masterplan filo-capitalista situa-se na administração norte-americana (Bush, sempre ele!), e na sua expressão conspirativa transnacional (o capital não tem pátria) chegou a França através do «contrato de primeiro emprego», ao qual as forças sociais estão a dar na rua a resposta devida. Em Portugal, os tentáculos do polvo estão, desde Março, no Palácio de Belém e a conspiração goza dos evidentes favores de publicistas como José Manuel Fernandes e Helena Matos, respectivamente Director e colunista do jornal «Público». Presumivelmente outro covil de conspiradores, propriedade do capitalista Belmiro, um dos principais responsáveis pelo desemprego nacional.
Esta preclara e lúcida denúncia dos perigos que se iminenciam tombar sobre as nossas desprotegidas cabeças, foi ontem mesmo feita pelo dr. João Teixeira Lopes, dirigente do Bloco de Esquerda, ilustre deputado da República, candidato à Câmara do Porto nas últimas eleições, e um valor sólido da política nacional. Curiosamente, a forma que lhe foi dada foi um artigo no mesmíssimo «Público» («A França aqui tão perto», link directo indisponível), o jornal da hiperbólica conspiração.
Não fosse o velho ditado que sempre me garantiu que ainda que eu seja paranóico, nada garante que não haja uma conspiração mundial contra mim, e julgaria que tinha endoidecido ou estupidificado de vez. Assim, de duas uma: ou a conspiração existe mesmo ou o Teixeira Lopes anda a gozar connosco.

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