01 fevereiro 2006

«de boas intenções está o inferno cheio»

Escreve o João Miranda, no Blasfémias: os liberais não podem ter a ilusão que as ideias determinam os factos sociais. Na caixa de mensagens do «post», o AAA e o RAF parecem discordar deste ponto de vista, achando que as ideias podem influenciar o jogo da política.
Paradoxalmente, têm os três razão: na verdade, as pessoas que agem politicamente fazem-no, na maior parte das vezes, por ideias e valores que defendem; como, também, o próprio mercado eleitoral decide em função do que lhe dizem os líderes dos partidos e de um módico, por mais reduzido que seja, de progamação governativa que eles lhes transmitam. A história do mundo está cheia de revoluções e de outros actos de voluntarismo político em defesa de ideologias. A do século XX, em particular, foi disso um excelente exemplo. Infelizmente. Porque, como diz o velho ditado, «cheio de boas intenções está o inferno», o que para aqui transposto, quer dizer que as ideias dos políticos surtem, sem dúvida, resultados sobre os indivíduos e as sociedades. Muito raramente, contudo, coincidem os efeitos reais com os pretendidos ou com os anunciados. Porque, de facto, a ordem política é, ela também, espontânea, ainda que por vezes leve tempo a que as coisas tomem o seu justo lugar.

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