28 novembro 2005

ressentimentos



Sentido com as malvadezas de Sampaio e Cavaco, o dr. Santana Lopes explicou no «Expresso» que, afinal, a sua «moeda» era boa e a que veio a seguir, má. O dr. Santana sempre foi um sentimental e, com o coração ao pé da boca, nunca deixou de revelar aos portugueses as suas emoções. Como daquela vez em que, perante uma compreensiva assistência de bombeiros voluntários, descreveu as atrocidades que os seus colegas de partido fizeram ao débil recém nascido que ele pusera no mundo e numa incubadora de sobrevivência.
Também os drs. Soares e Alegre estão ressentidos um com o outro e não conseguem entender porque motivo andam os dois ao mesmo, quando, ao longo das suas longas vidas, andaram sempre os dois no mesmo. O primeiro chora a deslealdade do segundo, a quem sempre devotara carinho político e amizade, enquanto que o segundo não esquece a traição do primeiro. E a do eng. Sócrates, claro está.
Também o dr. Ribeiro e Castro não consegue esconder o que lhe vai na alma: a deslealdade de «amplos» sectores do partido e do grupo parlamentar, que ele não percebe porque motivo não aderem estusiasticamente à sua carismática liderança.
Coisa parecida se passou ontem, no Congresso dos Juízes, entre estes e o Ministro que os deveria tutelar. Ressentido, o ilustre governante abandonou pesaroso a ingrata reunião e proclamou que a sua política iria permanecer impávida e serena perante tanta e tamanha ingratidão.
Até o dr. Miguel Cadilhe, politicamente renascido, não se tem poupado a acertar contas com o passado. Nessa sua especialidade – as contas – ele tem revelado ao país que, afinal, o feio monstro que nos devora a renda e a propriedade foi nado e criado no governo de que fez parte, e tem por pai e mãe o dr. Cavaco. A quem, de resto, comparou a um frio e hirto eucalipto, daqueles que secam tudo à sua volta e só trazem infelicidade. Se o visado fosse, por hipótese, o seu também outrora colega de governo, o Dr. Deus Pinheiro, que, por evidência, não será nunca um eucalipto, talvez o paralelismo secante fosse um campo de golfe.
Quem parece não andar ressentido com ninguém é o dr. Cavaco. Dizem as más-línguas que ele não tem sentimentos. Mentira. O que o dr. Cavaco tem são objectivos e esses raramente lhe costumam escapar. Ao contrário das outras citadas personalidades.

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