16 abril 2025

A Decisão do TEDH (431)

 (Continuação daqui)

Fonte: cf. aqui


431. Processo Cível (IX)

 Poderia ter sido decisiva


13 de Março: A primeira noite

Eu sou hoje um homem muito agradecido à vida e a todos aqueles que contribuíram para a vida que eu tive.  Só conheci o mal aos 64 anos de idade quando se iniciou o meu julgamento no Tribunal de Matosinhos, só aí eu vi o diabo em pessoa, na cara de cada um daqueles que me queriam ver condenado. E só neste dia, 13 de Março de 2019, era uma quarta-feira, eu soube o que era passar uma noite numa cama de hospital. Nunca me tinha acontecido.

O meu primeiro pensamento ao acordar foi para a Cuatrecasas. A Cuatrecasas tinha ganho mais uma batalha e esta poderia ter sido decisiva.

Na véspera, o Dr. Vasco Gama, especialista em cardiologia de intervenção, depois de me fazer um electrocardiograma que evidenciava um enfarte do miocárdio, submeteu-me imediatamente a um cateterismo. No final retirou-se, voltou cinco minutos depois,  pousou a mão com delicadeza sobre o meu braço, eu estava ainda deitado na marquesa, e disse-me gentilmente: "O senhor teve muita sorte. A sua vida tem estado em grande perigo. O senhor já não pode sair daqui. Vai ter de ser operado imediatamente. Já preveni o seu filho [médico]". 

O stress prolongado é um dos factores mais importantes do enfarte do miocárdio. O Dr. Vasco Gama perguntou-me pelos meus hábitos de vida e eu respondi. Contei-lhe que no último ano tinha tido uma situação muito stressante, tinha sido julgado e condenado quando andava a fazer a obra mecenática do Joãozinho [que ele conhecia dos jornais]. Acrescentei que o meu sentimento de injustiça era do tamanho do mundo e que ainda não tinha conseguido digerir a situação [hoje, passados seis anos, é ainda o que se vê...]. Contei-lhe que há precisamente um ano, estava o julgamento a decorrer,  me tinha sentido mal e fiz uma consulta de cardiologia e um electrocardiograma no Hospital da Luz, mas que nada acusara (cf. aqui).

Hoje, estou absolutamente convencido que o meu julgamento no Tribunal de Matosinhos e a subsequente condenação foram factores decisivos do enfarte do miocárdio. Nada de mais stressante e relevante aconteceu na minha vida no espaço do último ano do que essa grandiosa injustiça, na realidade, pura criminalidade legal e corrupção da justiça, como agora é evidente, público e notório.

Passei o dia a fazer exames de preparação (análises, radiografias, etc.) para a cirurgia que ficou marcada para o dia seguinte às 9:00 horas da manhã.

Ao final da tarde, sem saber onde eu estava, falou-me a minha advogada para me informar que a Conferência no Tribunal da Relação do Porto, reunindo juízes, advogados e Ministério Público, para apreciar os recursos, se tinha realizado nessa manhã, e ela não me pareceu nada optimista.

Compreensivelmente, não dei grande importância ao assunto. Agradeci-lhe e informei-a que estava deitado numa cama de hospital à espera de ser operado ao coração na manhã seguinte. 

(Continua acolá)

Sem comentários: