23 fevereiro 2025

O Pêndulo (1)

 (Continuação daqui)



1. A Comunicação da Igreja e a Ciência Económica


A Comunicação da Igreja tem sido, desde há bastante tempo, um assunto muito importante para o Papa Bento XVI. Ele tem sugerido, por vezes, que a Igreja não tem sido muito eficaz  a comunicar a sua mensagem e esse é certamente o caso no domínio da Economia.

Não existe uma Teoria Económica do Catolicismo, mesmo se a Doutrina Social da Igreja fornece a base para que ela possa ser construída, e ainda que, no passado, algumas tentativas tenham sido feitas nesse sentido (1).

Os economistas são educados nas universidades na Economia Política do Liberalismo e do Socialismo que estão no centro das modernas democracias liberais. Ambas estas correntes da Economia Política têm origens distintivamente Protestantes, o Liberalismo nos moralistas escoceses do séc. XVIII, o Socialismo no idealismo germânico do séc. XIX. Entre os 51 economistas que receberam o Prémio Nobel da Economia, desde a sua instituição em 1969, não existe um único oriundo dos países predominantemente católicos do sul da Europa ou da América Latina (2).

O propósito deste artigo é o de esboçar uma teoria da Economia Política do Catolicismo e, em seguida, estabelecer a comparação entre a socioeconomia do Catolicismo  e as socioeconomias do Socialismo e do Liberalismo, respectivamente.

A ideia central que emana do Catolicismo é a ideia de equilíbrio. O Catolicismo reconhece os mesmos valores que o moderno Liberalismo e o moderno Socialismo, mas não os leva aos extremos. Aceita a democracia, mas não uma democracia ilimitada; reconhece o valor da liberdade individual, mas não de uma liberdade individual sem limites;  prega a igualdade entre os homens, mas não uma igualdade absoluta; defende a propriedade privada, mas não exclui a propriedade pública. O que distingue o Catolicismo, por um lado, do Socialismo e do Liberalismo, pelo outro, é que o Catolicismo combina estes valores num equilíbrio delicado, agindo como uma espécie de força de gravidade que puxa o pêndulo para a terra e para a sua posição de equilíbrio.  

(Continua acolá)

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