(Continuação daqui)
75. Um Almirante entalado
Eu não consigo deixar de pensar naquela frase do Almirante, logo a abrir o seu artigo no Expresso: "Situo-me politicamente entre o socialismo e a social-democracia (...)".
É um problema de espaço: Como meter o Almirante entre o socialismo e a social-democracia?
O fundador da social-democracia em Portugal definiu-a assim (ênfases meus):
"Não desejamos seguir um modelo neocapitalista ou neoliberal - em que as contradições se agravam, e onde surge uma nova classe dominante, a tecnoestrutura que, conjuntamente com os detentores do grande capital, detém o poder de decisão (...) Desejamos a instauração pacífica do socialismo na liberdade, por meio de reformas cujo ritmo e amplitude serão determinadas exclusivamente pela vontade popular."(Francisco Sá Carneiro, Por Uma Social-Democracia Portuguesa, Lisboa: Dom Quixote, 1975, p. 267)
Eu tento imaginar o Almirante entre o socialismo e a social democracia e chego à conclusão de que não há espaço. Ele é um Almirante entalado, muito mais um Martim Moniz do que um D. João II.

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