27 fevereiro 2025

Almirante Gouveia e Melo (73)

 (Continuação daqui)



73. O actual e o futuro


Os políticos europeus na actual conjuntura já foram descritos como umas baratas-tontas, tão depressa correm para Paris para se reunirem, como uns vão para Kiev e outros para Washington, sem saber como lidar com os ventos que vêm da América.

Mais divertido para mim tem sido o Presidente Marcelo, indignado e a dar lições de democracia liberal  ao Presidente Trump e ao povo americano (cf. aqui). Na América nasceu a primeira democracia liberal do mundo enquanto Portugal espalhava pelo mundo a Inquisição para a combater.

Parece que o Almirante Gouveia e Melo vai pelo mesmo caminho. Diz ele no já citado artigo do Expresso (ênfases meus): 

"Vivemos tempos perigosos, com actores poderosos a subverter a ordem mundial em função dos seus interesses. A ameaça já não vem apenas do Leste; surge agora de todas as direções num cenário de 360 graus. Os valores fundamentais da ética republicana e das democracias liberais estão a ser postos em causa, inclusive por aliados historicamente próximos".

Portugal, a seguir a Espanha, é o país ocidental menos credível para defender e promover a democracia-liberal porque  não houve quem mais a combatesse. Mas não falta palheta ao seu Presidente, o actual e o futuro, para dar lições de democracia-liberal à pátria-mãe das democracias liberais.

Mas, claro, já vêm atrasados.. Os americanos já estão noutra fase, noutro patamar da democracia-liberal. Eles, que vivem em democracia liberal há 250 anos, e não há 50 como Portugal, já se deram conta dos excessos da democracia-liberal e procuram agora corrigi-los. É esse o objectivo do movimento do post-liberalismo, que enforma a nova Administração americana.  

Em termos de movimentos de ideias, num sinal da sua tradição anti-democrática, Portugal não deixa de ser um eterno atraso-de-vida, sempre do lado errado - e também aqui, pelos vistos, o Almirante não vai mudar nada. 

(Continua acolá)

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