(Continuação daqui)
72. O povo zangado
Durante a maior parte do seu artigo, o Almirante defende que o Presidente da República deve estar acima dos partidos e ser imparcial e isento entre eles, mas na sua declaração inicial - "Situo-me politicamente entre o socialismo e a social-democracia (...)" - o Almirante declara a sua própria partidarização.
Fica-se a saber que o Almirante vota no PS ou no PSD, na minha opinião mais provavelmente no primeiro do que no segundo e, a partir de agora, também não são de excluir as suas alegadas ligações à maçonaria, ainda que sejam informais.
Em momentos de maior exasperação, dentro do campo socialista, o Almirante poderá estender-se e ir até ao PCP e ao BE, passando pelo PAN e pelo Livre. Como Presidente, creio que não lhe custaria muito nomear um governo de geringonça, semelhante àquele que já governou Portugal.
Aquilo que parece certo é que o Almirante não vota na Iniciativa Liberal, que é um partido que defende o capitalismo, nem no CDS (democrata-cristão, apesar de se ter tornado cada vez mais um partido social-democrata, o que explica o seu estado comatoso actual). Certamente que não vota no Chega, que é um partido que se afirma anti-socialista, mas que não tem uma ideologia definida, começou por se afirmar liberal, embora o último Programa eleitoral seja bastante social-democrata.
O Chega é o povo zangado.
O Almirante também não gosta de Donald Trump que representa na América o povo zangado, o povo em revolta contra o sistema.
Sendo assim, os liberais, os capitalistas, os democratas-cristãos, aqueles que na América seriam chamados de post-liberais (cujo liberalismo é temperado pelo catolicismo) e, mais geralmente, o povo zangado não devem votar no Almirante.
É muita gente a ficar de fora do chapéu de quem quer ser o Presidente de todos os portugueses. Só lá ficam os socialistas, como o Almirante.
(Continua acolá)

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