(Continuação daqui)
64. Um caminho
Na condição de jovem economista, oriundo de um país com uma larga tradição vinícola, vivendo na América do Norte no início dos anos oitenta, eu assisti a um fenómeno emergente que me impressionou e para o qual só encontrei explicação muito mais tarde.
O Chile, um país na altura com uma população semelhante a Portugal, sem a tradição vinícola de Portugal, estava a conquistar o mercado do vinho nos EUA e no Canadá. O Chile tinha descoberto uma mina de ouro que poderia ter sido de Portugal.
Só anos mais tarde, em conversa com um especialista português do sector, e pedindo-lhe uma explicação para este paradoxo, ele deu-ma e era simples.
-Foi o Pinochet. O regime do Pinochet fez da indústria do vinho um desígnio nacional.
Num país de tradição católica, como o Chile, é preciso autoridade e liderança para definir um caminho. Na cultura católica é a autoridade (da Igreja) que define o caminho (para Deus) e que dita o caminho ao povo. Em democracia, o povo não é capaz de o fazer - o povo envolve-se numa grandiosa discussão que acaba por se tornar uma algazarra e não sai nada dali. Não surpreende que assim seja. Na cultura católica o povo não está habituado a escolher caminhos.
O Almirante Gouveia e Melo não vai ter os poderes do General Pinochet. Mas traz autoridade e liderança a Portugal. E traz também um caminho - a Economia do Mar (cf. aqui).
A Economia do Mar (The Blue Economy) reúne dois grandes activos de Portugal e que lhe dão uma enorme vantagem comparativa sobre a concorrência - um dos maiores territórios marítimos do mundo e uma invejável tradição marítima.
(Continua acolá)
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