(Continuação daqui)
63. Claramente de Direita
As ideias de Esquerda e Direita na política nasceram na Assembleia Constituinte que se seguiu á Revolução Francesa quando os defensores da ordem estabelecida se sentaram à direita do Rei e aqueles que punham em causa a ordem estabelecida se sentaram à sua esquerda.
E o que era a ordem estabelecida?
Era essencialmente a ordem estabelecida pela Igreja Católica que, durante séculos e até à modernidade, foi dominante na moldagem cultural da civilização ocidental.
Esquerda e Direita podem, portanto, definir-se em relação à cultura católica. Os países que permaneceram predominantemente católicos são de direita (e esta é a cultura de Portugal); os países que se opuseram à dominância do catolicismo são culturalmente de esquerda (v.g., Inglaterra, Prússia, países nórdicos).
Em termos de instituições, o exemplo acabado de uma instituição de Direita é a própria Igreja Católica. Um exemplo típico de uma instituição de Esquerda é a Maçonaria (cf. aqui).
A Direita distingue-se da Esquerda pelo seu ênfase numa autoridade pessoal, suprema e absoluta (expressa na figura do rei absoluto ou do Papa), a valorização da autoridade e da hierarquia, a prevalência da comunidade sobre o indivíduo, uma economia que dá prioridade à iniciativa privada em detrimento do Estado, a liberdade que se realiza sob a autoridade.
A Esquerda, pelo contrário, opõe-se tudo isto. Acaba com a autoridade pessoal e absoluta do governante supremo e substitui-a por uma autoridade impessoal - a do povo - expressa na democracia; acaba com a ideia de comunidade e substitui-a pelos partidos; tira a autoridade do caminho da liberdade, e inverte a hierarquia entre estes dois valores; atribui um papel excessivo à iniciativa privada ou ao Estado consoante se inspire no calvinismo (liberalismo anglo-saxónico) ou no luteranismo (socialismo germânico).
Depois de tudo o que tenho escrito acerca do Almirante Gouveia e Melo, é altura de perguntar:
-O Almirante é um homem de Direita ou de Esquerda?
-Claramente de Direita.
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