(Continuação daqui)
XLIV. O sentido do futuro
Certo dia, numa conferência em que defendi a tese de que a cultura portuguesa é uma cultura feminina, no final, um senhor levantou-se muito indignado comigo acusando-me de sugerir que os portugueses eram homossexuais.
Estive para cair para o lado, mas aguentei-me e expliquei que não, antes pelo contrário. Que Portugal possui uma cultura feminina eu não tinha dúvidas nenhumas e já outros tinham chegado à mesma conclusão, embora por outros caminhos (cf. aqui).
O meu caminho tomava por base a cultura católica do povo português que tem no centro a figura de uma Mulher, Maria, a Mãe, por oposição à cultura protestante que tem no centro a figura de um Homem, Cristo.
Na cultura católica dos portugueses a Mãe é o centro da comunidade (família) e a principal educadora. Ora, um rapaz educado sobretudo pela mãe sabe muito melhor, mais tarde, como agradar às mulheres do que um rapaz educado sobretudo pelo pai. Conclusão, o homem de cultura católica é muito mais sedutor para as mulheres do que o homem da cultura protestante.
Os valores, as capacidades e os talentos humanos existem igualmente em homens e mulheres, sendo raríssimos aqueles que existem exclusivamente no homem ou exclusivamente na mulher (v.g., a capacidade para dar à luz). A diferença está no grau, uns existem com maior intensidade nos homens do que nas mulheres e outros são mais intensos nas mulheres do que nos homens.
Eis alguns valores mais masculinos do que femininos (reproduzidos largamente de um post de 2011: cf. aqui): racionalidade, imparcialidade, capacidade de julgamento, sentido de justiça, autoridade, objectividade (realismo), espírito público, capacidade de pensamento abstrato, sentido de futuro.
Eis agora alguns valores mais femininos que masculinos: emotividade, parcialidade, tolerância, compaixão, espírito privado, imaginação, capacidade para valorizar o concreto e o presente e para conservar o passado.
Num povo de cultura católica predominam os valores femininos, sendo que os valores masculinos são típicos de uma pequena elite desta cultura. Esta elite é predominantemente constituída por homens (tendo como referência os cardeais da Igreja Católica) que são o oposto dos meninos mimados tão característicos desta cultura (cf. aqui). Em certo sentido, a elite de um país de tradição católica encontra-se entre aqueles rapazes que, um dia, conseguiram sair debaixo das saias da mãe.
Um dos valores desta elite, como referi acima, mas que é raramente mencionado, é o seu sentido de futuro. É esse sentido de futuro que está patente na entrevista que o Almirante Gouveia e Melo deu ao Podcast Bitalk (cf. aqui) quando visiona um futuro para Portugal orientado para o mar e para a economia do mar, um futuro que está perfeitamente pensado e estruturado no seu pensamento (cf. aqui).
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