11 janeiro 2025

Almirante Gouveia e Melo (57)

 (Continuação daqui)

NRP Arpão


57. A Marinha


Eu fico encantado sempre que ouço ou leio o Almirante Gouveia e Melo falar da Marinha. Ontem estive a ver a "Grande Entrevista" que ele deu em Setembro ao jornalista Vítor Gonçalves da RTP: cf. aqui.

O meu sentimento, enquanto cidadão, é de orgulho porque, embora não podendo eu próprio julgar por falta de conhecimento, mas acreditando plenamente na pessoa do Almirante, a ideia com que fico é que a Marinha portuguesa é extremamente bem organizada e eficaz, pronta a actuar em caso de necessidade, utilizando eficientemente os escassos recursos que tem ao seu dispôr e a trabalhar na ponta da tecnologia moderna.

Quando, recentemente, perguntaram ao Almirante quantos submarinos necessitava mais para se sentir plenamente satisfeito como Chefe do Estado Maior da Armada, eu esperava que ele respondesse dez ou doze. Mas não. Respondeu apenas dois (para juntar aos dois já existentes). Fiquei sem palavras pela minha ignorância e pela parcimónia do Almirante.

Na entrevista ao Vítor Gonçalves, há um momento em que o orgulho de ser português - um povo que viveu o melhor período da sua história graças a marinheiros - atinge o máximo. É o momento em que o Almirante refere a recente missão, que ele próprio comandou, do submarino Arpão no Mar Ártico, operando sob o gelo. Segundo o Almirante, há apenas quatro Marinha´s da NATO que conseguem realizar semelhante façanha e a Marinha portuguesa é a única que o faz com um submarino convencional. Nada menos se esperaria de um país de grandes marinheiros.

Foram estas mesmas qualidades de liderança, coragem, determinação e capacidade de organização, guiada por critérios de eficiência, eficácia e economia, que distinguiram o Almirante como chefe da missão de combate à pandemia de covid19. E presumo que é por estas razões que os portugueses agora chamam o Almirante para Chefe de Estado. 

Como avaliar o Almirante nesta nova função que lhe parece destinada, o que esperar dele?

-Que ele ponha todos os serviços do Estado a funcionar como a Marinha.

E pode talvez começar por aquele serviço do Estado que os portugueses consideram o pior serviço público que o Estado oferece aos cidadãos - a Justiça (cf. aqui).  Tenho mesmo uma sugestão por onde iniciar o trabalho neste sector - o Departamento Central de Investigação e Acção Penal (DCIAP), o mais conhecido departamento do Ministério Público.

A descrição que um  artigo recente do SOL (cf. aqui) faz do estado em que se encontra o DCIAP é assustadora: a desorganização completa, a mais radical falta de liderança, de autoridade e de hierarquia, toneladas (sic) de documentos por analisar, centenas de decisões por tomar, processos que se arrastam durante décadas, governos que caem, primeiros-ministros que se demitem, pessoas que ficam sob suspeita para o resto das suas vidas - cidadãos arruinados pela fama de criminosos, privados dos seus bens e muitas vezes da sua própria liberdade.

O DCIAP é uma vergonha para todos os portugueses, mas não uma vergonha qualquer. É uma vergonha criminosa. Está mais que visto que o actual  PGR não vai conseguir pôr o DCIAP na ordem porque ele próprio foi seu director durante anos e contribuiu, provavelmente mais de que qualquer outra pessoa, para o estado de desorganização criminosa em que o DCIAP actualmente se encontra.

Eu tenho grande esperança que o Almirante vai conseguir pôr o DCIAP na ordem, bem como todos os outros departamentos do Estado, de que o Almirante vai ser o Chefe. Porque, se não conseguir fazê-lo, eu, que sou talvez o cidadão que mais artigos escreveu a manifestar  confiança no Almirante para assumir o cargo de Chefe de Estado, passarei a ser aquele que mais artigos escreverá para apontar a sua incompetência para o lugar. 

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