(Continuação daqui)
III. Autoridade
O modelo de organização social de um país de cultura católica, como Portugal, é o modelo de organização da própria Igreja Católica, o de uma pirâmide que tem no vértice uma figura de autoridade - o Papa.
O modelo de organização social de um país de cultura protestante, onde se originou a democracia moderna, é o de um paralelepípedo, onde todos são supostos iguais.
Ora, não é fácil transformar uma pirâmide num tijolo, que tem a forma de um paralelepípedo. A primeira coisa a fazer é destruir o topo da pirâmide, quer dizer, a autoridade. Ora, é isso precisamente que a cultura democrática faz e que é chocante para a cultura católica - a destruição da autoridade.
Tendo em conta a tendência da cultura católica para o exagero, para passar do oito para o oitenta e vice-versa, chega-se ao ponto em que não apenas se destrói a autoridade, mas em que se subverte a autoridade.
Ora é a correção deste exagero, uma restauração saudável do valor da autoridade, que a figura do Almirante virá inspirar ao país. A razão é que a autoridade é um valor central da cultura militar em que o Almirante foi educado e viveu toda a sua vida profissional. Antes de possuir a autoridade de um Almirante ele passou uma vida a obedecer aos seus superiores.
A partir do dia em que o Almirante fôr Presidente da República vai ser mais difícil em Portugal os filhos mandarem nos pais e os alunos nos professores, os leigos prevalecerem sobre os padres, os desordeiros terem mais direitos que os polícias, os doentes agredirem os médicos, os empregados darem ordens aos patrões. Até na Assembleia da República, que às vezes parece um recreio, passará a haver mais compostura.
Na linguagem popular, a ausência de autoridade, e até a sua subversão, é frequentemente designada por bandalheira. O Almirante Gouveia e Melo contribuirá para pôr fim a isso nos diferentes sectores da sociedade portuguesa.
Sem comentários:
Enviar um comentário