(Continuação daqui)
182. Um barril de pólvora
O único deputado que esta semana na Assembleia da República exprimiu na perfeição as regras que regem a liberdade de expressão numa sociedade democrática - para pasmo da maioria dos deputados e dos jornalistas - foi o seu presidente, Aguiar Branco (cf. aqui).
Mas, ao fazê-lo, ele abriu um barril de pólvora.
A regras contemplam a possibilidade de ofender e afirmam que a liberdade de expressão é máxima no caso do discurso político (e da discussão de assuntos de interesse público) (cf. aqui).
A liberdade de expressão é um valor sagrado para o protestantismo cristão, mas não tem nada de sagrado na cultura católica dos portugueses (em que o valor sagrado é a autoridade).
Mais, a cultura católica é uma cultura feminina com muito mais variância e propensão para o exagero do que a cultura masculina do protestantismo. Por outras palavras, o léxico de ofensas, e o exagero ofensivo, é muito maior na cultura católica dos portugueses do que nas culturas protestantes, como a inglesa ou a alemã (cf. aqui).
A consequência disto é que ninguém se deve admirar se, em breve, ao abrigo da porta que o presidente Aguiar Branco abriu, os deputados se estejam a dirigir uns aos outros na Assembleia da República com expressões como "Vai para o caralho", "Filho da puta" ou "Baita foder" (em dialecto nortenho).
(Continua acoláacolá)
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