11 março 2024

Mil e uma (31)

 (Continuação daqui)

Homens e mulheres: a curva vermelha (mulheres) tem maior variância do que a azul (homens)


31. A ingovernabilidade

A democracia nasceu nos países protestantes, como a Inglaterra, com culturas masculinas centradas na figura do Homem - o princípio protestante "Solo Christus". Não é fácil a sua adaptação a países de cultura católica, como Portugal, que é uma cultura feminina centrada na figura da Mulher - Maria.

A razão é a instabilidade governativa que a democracia produz nos países de tradição católica conduzindo-os, a prazo, para a ingovernabilidade.

A Inglaterra, os EUA, o Canadá, a generalidade dos países anglo-saxónicos cuja cultura foi o berço da democracia, vivem há muitos anos com dois partidos políticos, que se alternam no poder, não existindo grandes diferenças entre eles. Um estaticista  diria que existe muito pouca variância na governação democrática nesses países.

Esta menor variância é também uma característica dos homens em relação às mulheres. Os homens são muito mais iguais entre si do que as mulheres, sendo as mulheres muito mais diferentes entre si do que os homens. A cultura protestante, sendo uma cultura masculina é uma cultura de igualdade e de pequena variância; pelo contrário, a cultura católica, sendo uma cultura feminina, é uma cultura de diferença e de grande variância. Em linguagem popular, é muito mais verdadeira a afirmação de que "Os homens são todos iguais" do que a afirmação de que  "As mulheres são todas iguais".

O bipartidarismo, imitado da democracia original dos países protestantes e que lhes assegura a estabilidade governativa, tende a desaparecer num país de tradição católica. A sua maior variância, que reflecte o seu gosto (feminino) pela variedade e pela diferença, acabará, a prazo, por fazer aparecer outros partidos (o Brasil já vai em 29), alguns com um peso significativo no eleitorado, e que ameaçam a alternância democrática dos dois maiores partidos do sistema.

Na prática, esta multiplicidade de partidos com um peso significativo no eleitorado torna cada vez mais difícil encontrar soluções que assegurem a estabilidade governativa e, com o tempo,  arrastam o país para uma situação de ingovernabilidade que, no limite, acabará com a democracia.

Portugal pode ter dado, nas eleições legislativas de ontem, um passo importante nesta direcção.  

(Continua acolá)

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