09 março 2024

Mil e uma (27)

 (Continuação daqui)



27. Às mãos 

A circunstância de a religião católica ser uma Religião de Pessoas, centrada na figura de Cristo, e não uma religião de Leis (Escrituras), como a judaica ou a protestante, tem uma consequência dramática para o Estado de Direito (Rule of Law) que acompanha a democracia nos países tocados pelo catolicismo.     

Trata-se da pobre tradição jurídica existente nos países de tradição católica. Nestes países, os juristas e a justiça são as grandes desgraças da democracia e é pela justiça, com os juristas à frente, que a democracia acabará por se desacreditar e morrer.

No âmbito da civilização judaico-cristã, quem quiser conhecer uma boa tradição jurídica, deve procurá-la, em primeiro lugar, na cultura judaica, que é uma cultura de leis e a mais antiga da civilização. A seguir, deve procurá-la na cultura do protestantismo-cristão, também ela uma cultura de leis, aliás muito influenciada pelo judaísmo. Em último lugar, encontrará a cultura católica onde a tradição jurídica - se é que se pode falar de uma tradição - é uma tragédia.

Não é demais insistir. Num país de tradição católica a democracia morre às mãos dos juristas. 

Curiosamente, os juristas utilizam, na sua actividade profissional, um traje que imita o dos padres, que são a figura cimeira da cultura católica no seu papel de sacerdotes,  pais e professores. Eles querem fazer-se passar por padres. Mas ninguém se deve deixar enganar. Trata-se de  uma imitação abusiva, um disfarce. É para iludir o carácter imensamente divisivo e destrutivo que os juristas têm na cultura católica.

Aquilo que um padre faz, que é unir as pessoas, um jurista desfaz, que é dividi-las.

(Continua acolá)

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