(Continuação daqui)
24. Um paraíso
A liberdade é um valor sagrado para o protestantismo porque é através da liberdade (de pensamento, de expressão e, finalmente, de acção) que o crente protestante chega a Deus. O valor sagrado correspondente para o catolicismo é a autoridade porque o crente católico chega a Deus através da autoridade do padre.
A liberdade protestante vem acompanhada do ónus da responsabilidade. Compete a cada homem encontrar o seu caminho e assumir a responsabilidade pelos fins que se propõe atingir na vida. Pelo contrário, no catolicismo a responsabilidade recai sobre o padre, tornando o crente católico radicalmente irresponsável. Ele fica à espera que a autoridade lhe diga qual é o caminho.
O protestantismo força cada adolescente a tornar-se rapidamente um homem. Pelo contrário, o catolicismo encoraja qualquer homem a permanecer para sempre um adolescente. Existe uma estatística que é bem ilustrativa do comodismo católico, na realidade da maneira acriançada como a cultura católica trata as pessoas.
Nos países protestantes do norte da Europa os jovens saem de casa dos pais, assumindo a responsabilidade pelos seus próprios destinos, em média aos 20 anos. Pelo contrário, nos países católicos do sul da Europa, com Portugal à cabeça, eles ficam em casa dos pais, em média, até aos 34 anos (cf. aqui).
É claro que, pessoas assim, que vivem até tão tardiamente na dependência dos pais, quando os pais morrem, elas já não estão em idade de serem educadas a depender de si próprias. Da dependência dos pais passam para a dependência do Estado. E o Estado democrático, com a sua multiplicidade de direitos sociais, e a sua liberdade para reivindicar é, para essas pessoas, um paraíso, acabando a alimentar uma multidão de calaceiros que nunca se habituaram a trabalhar e a assumir a responsabilidade pelos seus próprios destinos.
O principal ónus que a cultura católica impõe às pessoas sob a sua influência é a de as manter num estado de infantilidade permanente. Quando, nesta cultura, se introduz a ideia protestante de liberdade, a ideia católica de autoridade recua na mesma proporção. A democracia passa a assemelhar-se a uma casa de família com muitos filhos mimados, em que os pais foram expulsos de casa. Todos vão buscar coisas ao frigorífico, mas ninguém põe lá nada.
O colapso económico do Estado democrático é inevitável. Têm valido até aqui as ajudas da União Europeia, os auxílios de emergência do FMI e da Troika e os financiadores da dívida pública portuguesa que, em termos do PIB, é das mais elevadas do mundo.
(Continua acolá)
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