“Mindfulness” é definida por diversos autores (1,2,3) como ‹‹um estado mental caracterizado pelo foco no momento presente, reconhecendo e aceitando os pensamentos, sentimentos, sensações físicas e ambiente circundante sem preconceitos nem resistências››.
No limite, esta definição quase se sobrepõe à definição de saúde da OMS: ‹‹Um estado de completo bem-estar físico e psíquico›› ou ao conceito budista de Nirvana; proposições que representam mais uma utopia do que uma realidade existencial.
Limito-me, portanto, a sublinhar o foco no momento presente e a oposição ao multitasking que nos querem fazer engolir à força.
Viver no presente, que é a nossa realidade, implica distanciarmo-nos de eventos passados que nos podem estar a diminuir e aceitar os riscos e incertezas relativamente ao futuro.
Toda a vida é movimento e focar no presente não é cair num estado apático e semicomatoso. No presente podemos estar a planear o futuro e devemos estar focados nessa tarefa, nesse momento. Isto é mindfulness!
O futuro está repleto de incertezas e pode gerar ansiedade e stress, distraindo-nos da certeza do presente e da felicidade que a existência oferece. A mindfulness ajuda a desfrutar do presente, sem renegar a inevitabilidade de mudanças.
Imaginemo-nos num barco a remos que navegamos calmamente num rio de águas mansas, num resplandecente dia de verão. A mindfulness inspira que desfrutemos da felicidade suprema do momento, a luminosidade, as vistas, os cheiros, a sensações corporais, sem esquecer que temos um destino.
Digamos que a mindfulness é sobretudo uma atitude, uma postura e um estado de espírito. É sair da autoestrada (life in the fast track) e aventurarmo-nos pelos caminhos sinuosos e lentos da paisagem circundante. É descobrir o que estamos a perder.
O burnout é provocado pelo excesso de trabalho, pelo multitasking, pelo stress constante e pela falta de reconhecimento e de suporte emocional; uma atitude de mindfulness é profilática e terapêutica do burnout.
1) Baer, R., Smith, G., Hopkins, J., Krietemeyer, J., & Toney, L. (2006). Using self-report assessment methods to explore facets of mindfulness. Assessment, 13(1), 27-45.
2) Krusche, A., Jack, C., Blunt, C., & Hsu, A. (2019). Mindfulness-based organisational education: an evaluation of a mindfulness course delivered to employees at the royal orthopaedic hospital. Mindfulness, 11(2), 362-373.
3) Lampe, L. and Müller-Hilke, B. (2021). Mindfulness-based intervention helps preclinical medical students to contain stress, maintain mindfulness and improve academic success. BMC Medical Education, 21(1).
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