MEDITAÇÃO
Numa entrevista sobre budismo, perguntaram a um monge tibetano se meditava todos os dias.
— Sim, medito todos os dias. – respondeu o monge.
— Quanto tempo? – perguntou o jornalista.
— Depende, às vezes apenas cinco minutos ou até menos. Tenho de tratar da horta. – esclareceu o monge.
Um dos muitos equívocos sobre a meditação é que ocupa muito tempo e que é pouco compatível com as exigências da vida moderna. Na realidade, porém, o que é necessário é criar um hábito e disciplinarmo-nos a meditar todos os dias. O ideal serão 15 a 20 minutos, mas se tivermos de “tratar da horta” podem ser apenas 3 minutos.
Um segundo equívoco é que, durante a meditação, é necessário travar o trem de pensamentos e contemplar o vazio. Ora esse objectivo, por ser inatingível, desencoraja os iniciantes, que acabam por desistir.
O essencial é apenas focar a atenção e isto consegue-se se nos focarmos na respiração. Podemos manter um ritmo normal de respiração e apenas focarmo-nos nos movimentos respiratórios e nas sensações correspondentes ou adotarmos técnicas respiratórias de relaxamento, que diminuem a frequência cardíaca e baixam a tensão arterial.
Diversos estudos científicos (1) demonstram que a meditação diária tem impacto na estrutura do cérebro, com aumento do volume da massa cinzenta do córtex pré-frontal e do lobo parietal (estudos com Ressonância Magnética).
Estas alterações, que poderão constituir a base neurológica para a diminuição do stress, da ansiedade e de sintomas depressivos, surge precocemente e pôde ser documentada após 20 minutos de meditação diária durante 20 dias.
Aparelhos de bio feedback, que monitorizam o traçado eletroencefalográfico durante a meditação, podem ser utilizados, especialmente pelos neófitos, mas são dispensáveis.
1) Yuan, J., Connolly, C., Blom, E., Sugrue, L., Yang, T., Xu, D., … & Tymofiyeva, O. (2020). Gray matter changes in adolescents participating in a meditation training. Frontiers in Human Neuroscience, 14.
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