FV
A “Força de Vontade” (FV) é definida pelos estudiosos como a capacidade de resistir a impulsos e de perseverar no alcance de objectivos de longo prazo, contra tentações e adversidades.
Muitos chegam a considerar a FV como um instinto, uma ferramenta da psique humana responsável por comportamentos de sobrevivência perante a multitude das solicitações exteriores.
Podemos imaginar as origens evolutivas da FV, se pensarmos no dia-a-dia dos nossos antepassados do paleolítico, quando saiam à caça num aprazível momento de Primavera e decidiam renunciar ao conforto da caverna ou talvez a um revigorante banho de mar para arriscarem a vida na caça dos auroques.
Na nossa época a FV poderá ser o instinto que nos faz sair de casa para ir ao Health Club, em vez de ficar enterrado no sofá a ver séries televisivas e a comer pipocas.
Muitas pessoas, que sofrem de obesidade ou de adições diversas, alegam falta de FV. Talvez o caso mais banal seja o dos fumadores; na minha prática clínica ouvi muitas vezes essa justificação:
— Mas o que é que o impede de deixar de fumar?
— Não consigo Sr. Doutor, não tenho FV...
— Mas o Sr. está controlado por extraterrestres? — costumava responder, para implicar que a decisão de deixar de fumar é do próprio.
Para todos os que alegam falta de FV, a ciência tem excelentes notícias: a FV é como um músculo, desenvolve-se com o exercício (Kelly McGonigal).
Tal como um corpo atlético se desenvolve no ginásio, uma FV férrea também se desenvolve quando a exercitamos. Obrigarmo-nos a ler ao deitar, nem que seja por cinco minutos, obrigarmo-nos a usar o fio dental diariamente ou a meditar vinte minutos por dia, é uma espécie de ginásio da mente.
Outras sugestões, com benefícios acrescidos, podem ser: não usar o telemóvel durante as refeições ou apenas responder a mensagens a certas horas do dia.
Reforçar a FV, especialmente por estes últimos meios, reduz o multitasking e facilita a mindfulness, condições essenciais para evitar e tratar o burnout.
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