28 dezembro 2023

INDIVIDUALISMO

INDIVIDUALISMO



 

Uma experiência mental à Robert Nozick

 

Um indivíduo encontra-se sozinho encerrado numa Central Nuclear (CN), quando se inicia um processo que culminará numa explosão em cadeia, a nível global, que extinguirá todos os seres humanos excepto ele próprio, por a sala de controle se encontrar num bunker a grande profundidade. Contudo, ele pode optar por fazer explodir o bunker, morrendo instantaneamente, mas travando a explosão em cadeia e salvando toda a humanidade.


O que faria a maior parte dos seres humanos? Poriam fim à própria vida para travar o apocalipse final ou prefeririam sobreviver num planeta sem outras pessoas.


Eu só posso responder por mim e alvitrar um palpite fundamentado sobre o que fariam os outros. Eu travaria a explosão em cadeia e penso que tal faria a generalidade da população, que estivesse no pleno uso das suas capacidades mentais.


Sozinho no planeta eu teria condenado o Homo Sapiens à extinção, sem me poder reproduzir e com os dias de vida contados (a morte é certa). Pelo contrário, o meu sacrifício permitiria a sobrevivência do património genético da espécie, pelo menos 99,9% idêntico ao meu.


Presumo que quem tivesse filhos também não hesitaria em sacrificar-se porque é isso que fazem todos os pais quando as crias correm risco de vida. As pessoas menos interessadas em reproduzir-se revelariam talvez mais egoísmo, por terem optado por estilos de vida mais individualistas ou hedonistas.


O meu palpite, porém, é que a maioria precederia como eu, não por perceberem nada de genética, mas simplesmente porque não quereriam passar o resto dos dias sem qualquer contacto humano.


Esta experiência mental que engendrei, inspirado pelas experiências mentais do Robert Nozick, serve para tentarmos compreender a importância relativa da sociedade e dos indivíduos que a constituem.


Como libertário eu professo-me um individualista convicto, mas não por egoísmo. O meu individualismo resulta de estar persuadido de que é num regime de máxima liberdade individual que as sociedades mais prosperam. Se estivesse convencido do contrário nunca seria individualista porque não considero gratificante ter sucesso numa sociedade tendencialmente a caminho da miséria.


É muito importante para os libertários explicar que o nosso individualismo serve o Bem Comum e que esse é o nosso propósito final.


A doença infantil do libertarianismo seria um individualismo radical, que aceitasse estilos de vida e comportamentos manifestamente anti-sociais, seria um libertarianismo psicopático.

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