18 novembro 2023

O LÁPIS TUGA

O direito ao lápis

 

Enterrado na fraseologia eclética da Constituição Portuguesa reside um direito que acreditamos ser evidente:

 

TODOS OS PORTUGUESES TÊM DIREITO A UM LÁPIS

 

Basta analisar o Artigo 73.º ‹‹Educação, cultura e ciência››, que clara e inequivocamente afirma:

 

1.    Todos têm direito à educação e à cultura.

 

Para concluirmos que, no mínimo dos mínimos, para exercer esse direito é necessário garantir um LÁPIS a cada português.

 

Muitos dirão que, neste conturbado século XXI, quando estamos prestes a ser subalternizados pela Inteligência Artificial, o direito à educação e à cultura exige computadores e ligações relâmpago à internet. Com certeza que isso é verdade e que têm sido desenvolvidos esforços nesse sentido, com destaque para o célebre Magalhães, mas a Lei quer-se intemporal e um lápis é um requisito básico que nos pode permitir comunicar e sobreviver, mesmo que cortem a eletricidade aqui na Faixa Ibérica, por dívidas acumuladas e pegada excessiva de carbono.




Para realizar esse direito, contudo, é necessário garantir que o Estado Português tem autonomia para fabricar os seus próprios lápis e que não fica subjugado aos interesses da NATO e do Grande Satã.

 

Milton Friedman, numa célebre intervenção, explicou a dificuldade de fabricar um lápis e a necessidade de os países colaborarem para esse simples resultado. Respeitamos essa profissão de fé na defesa dos mercados globais e da paz entre as nações, mas Portugal tem condições para avançar com o grande projecto dos Lápis Tugas.




Temos a geração mais bem preparada de sempre, eucaliptais e minas de carvão, que mais nos falta? A borracha?

 

O que nos falta é a determinação do governo em fazer cumprir a constituição. É necessário desenvolver um complexo industrial-cultural que seja a inveja do mundo e que nos devolva a proeminência que perdemos a favor dos povos que elegeram o malte fermentado como bebida nacional.

 

O símbolo desta estratégia deve ser o humilde taberneiro que ganhou a vida a servir copos de três e que sempre ostentou com orgulho, um lápis atrás da orelha.

 

A oposição alega que o preço final de 1 Lápis Tuga pode ultrapassar os 200 €, se todos as peças forem indígenas, mas o governo tem soluções.

 

A peça de alumínio pode ser substituída por chumbo e a borracha pode ser cultivada em estufas. Neste momento, o Machado já está a negociar os terrenos para essas estufas na zona que se destinava ao novo aeroporto de Lisboa.

 

Obviamente os lápis devem ser distribuídos de forma tendencialmente gratuita e deve ser instituído um limite ao número de lápis que cada tuga pode levantar por mês.

 

O uso indevido deverá será punido de forma exemplar, no sentido de proteger um direito de todos. Chupar o Lápis Tuga, também deve ser criminalizado, pelo perigo da intoxicação pelo chumbo.

 

Por fim, o açambarcamento de Lápis vai ser objecto de regulação especial. Abre-se uma exceção para os membros do governo, por usarem os lápis no elevado interesse nacional.

Será criado um feriado comemorativo do primeiro Lápis Tuga.

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