O direito ao lápis
Enterrado na fraseologia eclética da Constituição Portuguesa reside um direito que acreditamos ser evidente:
TODOS OS PORTUGUESES TÊM DIREITO A UM LÁPIS
Basta analisar o Artigo 73.º ‹‹Educação, cultura e ciência››, que clara e inequivocamente afirma:
1. Todos têm direito à educação e à cultura.
Para concluirmos que, no mínimo dos mínimos, para exercer esse direito é necessário garantir um LÁPIS a cada português.
Muitos dirão que, neste conturbado século XXI, quando estamos prestes a ser subalternizados pela Inteligência Artificial, o direito à educação e à cultura exige computadores e ligações relâmpago à internet. Com certeza que isso é verdade e que têm sido desenvolvidos esforços nesse sentido, com destaque para o célebre Magalhães, mas a Lei quer-se intemporal e um lápis é um requisito básico que nos pode permitir comunicar e sobreviver, mesmo que cortem a eletricidade aqui na Faixa Ibérica, por dívidas acumuladas e pegada excessiva de carbono.
Para realizar esse direito, contudo, é necessário garantir que o Estado Português tem autonomia para fabricar os seus próprios lápis e que não fica subjugado aos interesses da NATO e do Grande Satã.
Milton Friedman, numa célebre intervenção, explicou a dificuldade de fabricar um lápis e a necessidade de os países colaborarem para esse simples resultado. Respeitamos essa profissão de fé na defesa dos mercados globais e da paz entre as nações, mas Portugal tem condições para avançar com o grande projecto dos Lápis Tugas.
Temos a geração mais bem preparada de sempre, eucaliptais e minas de carvão, que mais nos falta? A borracha?
O que nos falta é a determinação do governo em fazer cumprir a constituição. É necessário desenvolver um complexo industrial-cultural que seja a inveja do mundo e que nos devolva a proeminência que perdemos a favor dos povos que elegeram o malte fermentado como bebida nacional.
O símbolo desta estratégia deve ser o humilde taberneiro que ganhou a vida a servir copos de três e que sempre ostentou com orgulho, um lápis atrás da orelha.
A oposição alega que o preço final de 1 Lápis Tuga pode ultrapassar os 200 €, se todos as peças forem indígenas, mas o governo tem soluções.
A peça de alumínio pode ser substituída por chumbo e a borracha pode ser cultivada em estufas. Neste momento, o Machado já está a negociar os terrenos para essas estufas na zona que se destinava ao novo aeroporto de Lisboa.
Obviamente os lápis devem ser distribuídos de forma tendencialmente gratuita e deve ser instituído um limite ao número de lápis que cada tuga pode levantar por mês.
O uso indevido deverá será punido de forma exemplar, no sentido de proteger um direito de todos. Chupar o Lápis Tuga, também deve ser criminalizado, pelo perigo da intoxicação pelo chumbo.
Por fim, o açambarcamento de Lápis vai ser objecto de regulação especial. Abre-se uma exceção para os membros do governo, por usarem os lápis no elevado interesse nacional.
Será criado um feriado comemorativo do primeiro Lápis Tuga.
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