IMPERSCRUTÁVEL - amazon.com
Acabei de publicar uma trilogia de contos a que chamei IMPERSCRUTÁVEL. O título resume o meu sentimento sobre a época que atravessamos: escapa ao discernimento humano, tal como os desígnios divinos.
Nãos aos desígnios do Deus que morreu (Nietzsche), O que sustentava formas tradicionais de conhecimento, mas aos desígnios dos Deuses do Olimpo que 700 anos antes de Cristo se divertiam connosco e que, longe de estarem extintos, acordaram neste início do 3º milénio.
Na antiguidade clássica, os gregos consideravam que a sua existência estava predeterminada e que tudo o que podiam fazer era reagir aos desafios que os Deuses lhes impunham e confrontá-los com uma “mente trágica” (Robert Kaplan).
Na época atual, é impossível compreender a realidade que nos circunda e tudo o que nos resta é rendermo-nos ao destino. Apolo (a ordem) está enfraquecido e Dioniso (o caos) é dominante. As tragédias espreitam por todo o mundo, a guerra, a fome, a morte e a peste, fazem o quotidiano dos Órgãos de Comunicação Social e somos impotentes para lidar com estes desafios.
Talvez nunca tivéssemos tido a capacidade de escapar ao destino, mas, pelo menos, vivíamos na ilusão que algo podíamos fazer para evitar as tragédias. A miséria extrema que assola o país mais rico do mundo, as centenas de milhares de mortos na Ucrânia e o drama humano que se vive em Gaza, demonstram incapacidade. Caprichos dos Deuses?
A Trilogia “INPERSCRUTÁVEL” inclui 3 contos que refletem o meu desacerto com o momento presente.
O primeiro conto — ZIRCANIS — é sobre a pandemia da Covid, na perspectiva de um casal de cientistas que vive em Nova Iorque e que é abalado pelos acontecimentos. Os personagens concluem que só o amor os pode resgatar.
O segundo conto — João Mendes — é a história de um pato-bravo que se esforça por lutar contra a adversidade, mas que sucumbe à tragédia. Estava predestinado?
O terceiro conto — ULSS — é sobre o sistema de saúde português e de como se corrompeu ao longo dos anos.
Se é verdade que estamos a caminhar a passos largos para uma “longa noite” e que o racionalismo falhou, é possível que a literatura, por apelar mais à emoções possa ajudar nesta peregrinação que é o curto tempo que por cá andamos.
É esse o meu humilde propósito.
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