06 novembro 2023

Francamente, não me lembro (7)

(Continuação daqui)




7. Caridade com o dinheiro dos outros

A evidência disponível (os indícios, na linguagem do Ministério Público) aponta para que aquilo que se passou não foi uma cunha, mas um processo de cunhagem, que começou no presidente da República, passou pelo primeiro-ministro e terminou na ministra da Saúde, de onde terá partido a ordem aos administradores do HSM, e destes aos pediatras, para tratarem as gémeas brasileiras.

Está fora de dúvida que a administração do fármaco às duas gémeas, no valor de 4 milhões de euros, foi um grande acto de caridade,  a tal ponto que eu estou convencido que os seus autores ainda um dia serão canonizados. 

S. Marcelo

Mas foi um acto de caridade muito peculiar. Nem S. Marcelo, nem Santo António nem Santa Marta fizeram caridade com o seu próprio dinheiro, apesar de terem tido a oportunidade de a fazer. Corria no Brasil um peditório, envolvendo artistas e outras figuras públicas, para angariar dinheiro que permitisse tratar as meninas no seu país de origem. Nenhum dos santos contribuiu.

Santo António

A razão é que nem S. Marcelo, nem Santo António nem Santa Marta apreciam fazer caridade com o seu próprio dinheiro. Dá muito trabalho e, sobretudo, custa muito caro. Eles são especialistas é a fazer caridade com o dinheiro dos outros, neste caso, dos contribuintes portugueses.

Ora, obrigado, assim, também eu um dia serei S. Pedro. 

S. Pedro

(Continua acolá)

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