02 outubro 2023

SUBMISSÃO

SUBMISSÃO



 

Toda a gente se submete seja ao que for quando é do seu próprio interesse. Houellebecq explora esta perspectiva, no seu livro Submissão, argumentando que há de chegar o dia em que os europeus se submeterão de livre vontade ao islamismo porque lhes parecerá que é o que mais lhes interessa.

 

Vem isto a propósito do modo dócil e pacato com que as populações aceitaram a anulação de todos os seus direitos naturais durante o covidismo.

 

Num artigo muito interessante do Brownstone Institute, Maximilian Lacour (ML) argumenta que a submissão ao covidismo não foi tanto pelo receio do SARS-CoV-2, nem por receio da consequência das infrações, mas apenas por respeito pela Lei e porque a narrativa oficial propiciava uma plataforma de entendimento coletivo do que seria melhor fazer.

 

ML sublinha que a Lei dispõe de um reservatório de lealdade nas Ilhas Britânicas e que os cidadãos estão predispostos a obedecer a todas as ordenanças que adquirem força legal.

 

Deixem-me começar por clarificar que essa predisposição dos bifes não encontra eco nos países latinos, como Portugal, e que não foi por isso que estes povos não deixaram de se mascarar e enfiar em casa.

 

A verdadeira explicação é muito mais comezinha: os povos aderiram ao covidismo e às suas medidas extremas porque era (aparentemente) do seu interesse.

 

Ficar em casa, sem trabalhar e a receber na mesma o salário, é apelativo para muita gente. Basta ver os esgares de enfado com que somos atendidos às segundas-feiras de manhã ou a alegria das sextas-feiras à tarde, para compreender este fenómeno.

 

Como médico trabalhei toda vida 24/7. Estive sempre disponível para os meus doentes a qualquer hora do dia, em qualquer dia da semana e custa-me aceitar o mal-estar com que grande parte da população encara o trabalho. Mas é a realidade.

 

Quando contemplaram a possibilidade de uma férias, sem sair de casa, a ver a Cristina Ferreira, o Ricardo A. Pereira e o Marcelo R. de Sousa, a atualizar o Netflix e a encher a mula de frango assado e batatas fritas, muita gente não desdenhou e submeteu-se.

 

Ao mesmo tempo, esta gente apreciou as dificuldades que o covidismo provocou aos patrões, especialmente aos negócios familiares. A chamada shadenfreude, o prazer de ver os outros sofrer. Arte que naturalmente foi ampliada e exportada da Alemanha para todo o mundo Ocidental.

 

Por fim, os que podiam, aproveitaram para vender no mercado negro o que estava interdito legalmente. As cabeleireiras, por exemplo, passaram a prestar serviços ao domicílio enquanto recebiam os salários dos seus empregos habituais.

 

Em conclusão e citando Adam Smith, — ‹‹Não é da bondade do homem do talho, do cervejeiro ou do padeiro que podemos esperar o nosso jantar, mas da consideração em que eles têm o seu próprio interesse›› — a submissão ao covidismo foi fruto de puro egoísmo.

 

Claro que era evidente que tudo iria descambar numa crise económica sem par e que todos iríamos pagar com língua de palmo as diabruras da OMS, do FEM e da Big Pharma. Ora a conta já chegou e estamos a pagá-la a prestações.


Houve curtoprazismo e estupidez, mas como alguém disse: ‹‹Deus colocou limites à inteligência humana, mas esqueceu-se de colocar limites à estupidez››. 

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