Os povos tendem a organizar-se de alguma forma específica? O Edward O. Wilson, o Francis Fukuyama e eu, pensamos que sim, mas por razões muito diferentes.
O Edward Wilson, entomólogo de formação, observou que ‹‹as espécies muito socializadas comportam-se como se soubessem que os seus genes proliferarão ao máximo ... orquestrando respostas comportamentais que se traduzem pela combinação ótima de sobrevivência individual, reprodução e altruísmo››. Esta ligação entre a biologia e a sociologia (genes e comportamento social) é o fundamento da sociobiologia, disciplina criada e desenvolvida pelo génio do Edward Wilson.
Neste paradigma é verosímil aceitar que a espécie humana também evolui para modelos ótimos de organização social e que a Democracia Liberal e Capitalista (DLC) pode constituir o auge dessa organização.
O Francis Fukuyama, no seu livro “O Fim da História”, sugere que a DLC poderá ser o modelo final da organização política dos Estados e que, portanto, seria o Fim da História.
Fukuyama chegou a esta conclusão verificando que todos os outros modelos políticos tinham colapsado e que a DLC era o sobrevivente e vencedor final. Fukuyama bem se esforçou por explicar que o Fim da História não era o fim da historiografia, mas apenas o auge da organização social e política. Neste sentido, Estados em DLC podem retroceder para formas primordiais de organização se o contexto social se alterar. A palavra Fim, porém, marcou o conceito e foi utilizada para ridicularizar a hipótese.
Agora entro eu, aos ombros destes dois gigantes intelectuais. A hipótese do Fim da História continua atrativa, mas devemos procurar as razões do seu fundamento na sociobiologia. A DLC pode ser o modelo final da História porque facilita as respostas comportamentaisque se traduzem pela combinação ótima de sobrevivência individual, reprodução e altruísmo.
Sugiro, contudo, que se deixe de falar do Fim da História e adotemos “O Auge da História”.
Os grandes impérios tiveram o seu apogeu e colapsaram. O mesmo pode acontecer aos EUA, o paradigma por excelência da DLC, se não está já a acontecer. A história tem os seus ciclos, sem princípio nem fim. E dentro desses ciclos tem períodos em que se atinge o auge.
Acredito que esse auge seja a DLC, mas confesso que, mesmo aos ombros de gigantes, cada vez vislumbro menos do futuro.
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