“Good Bye, Lenin” é o título de um filme de 2003, do realizador Wolfgang Becker. Em resumo, o filme é sobre uma mãe de família da Alemanha de Leste – RDA – que caiu em coma antes da queda do muro de Berlim e que só recuperou a consciência depois desse evento (1989). Para não a traumatizar, a família rodeou-a de todo o ambiente de vida soviético, numa espécie de regresso ao passado.
Lembro-me com frequência desse filme quando sou confrontado com o “atraso de vida” do sovietismo que persiste na vida e na cultura portuguesa.
Claro que é nas áreas controladas pelo Estado que mais se faz sentir esse atraso: na saúde, na educação e na segurança social. Contudo, os tentáculos do Estado, num país como Portugal, infiltram toda a sociedade e todas as atividades, mesmo as que exibem roupagens privadas.
Desde logo os hospitais privados e as universidades privadas que fazem gala de imitar as instituições públicas, mas também as empresas privadas que de um modo ou doutro dependem do governo.
Empresas que necessitam de alvarás, que estão subordinadas a entidades reguladoras ou que prestam serviços ao Estado.
Um exemplo que salta logo à vista são os bancos. Uma atividade controlada e “cartelizada” pelo Banco de Portugal, de modo que as condições que oferecem aos clientes não os diferenciam uns dos outros.
Há dias passei por uma agência bancária para efetuar um pagamento ao Estado e procurei a minha “gestora de conta”. ‹‹Já não trabalha nesta agência, foi transferida››. ‹‹Muito bem, mas deve haver uma substituta›› — questionei. ‹‹Sim, mas está grávida e não pode vir trabalhar››.
A verdade é que mudar para outro banco nada altera porque todos funcionam no mesmo registo: “o cliente é que precisa de nós, não somos nós que precisamos do cliente”.
Limitem a concorrência, garantam um mercado certinho, salpiquem a coisa com um módico de corrupção “et voilà” – Good Bye Lenin.
Já se perguntaram por que é que o café nas estações de serviço sabe a grão-de-bico esturrado, ou porque é que os preços praticados são exorbitantes? Tentem abrir uma estação de serviço e vão perceber o problema.
Já se perguntaram por que é que uma ida à farmácia se transformou numa afronta burocrática? Tentem abrir uma farmácia... espera aí, não é possível porque o governo não concede novos alvarás.
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