O sucesso de um país depende da sua população e de todas as variáveis que caracterizam essa população, a educação (perdoem a rima) é, do meu ponto de vista, o indicador mais importante.
É por isso que todos os governos “investem” na educação, desde a escola primária à universidade e tentam criar o máximo de oportunidades para todos. Em Portugal, esse esforço começou com Salazar e alcançou um sucesso significativo. Com o Estado Novo, a taxa de escolaridade passou de 15% para 100% e o analfabetismo desceu de 60% para 25%.
Infelizmente, todas as medalhas têm um reverso e a influência do Estado na educação acabou por perverter o objetivo inicial e transformar a “educação pública” em verdadeira deseducação.
Contrariamente ao que se passava antes do 25/4, os jovens de hoje terminam o liceu sem saber ler nem escrever de forma funcional e sem quaisquer conhecimentos de aritmética.
O objetivo desta reflexão não é analisar as causas deste colapso educacional, mas apenas “linkar” esse colapso com a situação de crise permanente que Portugal atravessa.
O analfabeto funcional, fabricado pelo Ministério da Educação, consegue verbalizar o que vê escrito, mas não apreende o sentido e é incapaz de se expressar por escrito.
Quando eu era miúdo, as empregadas de casa costumavam pedir-me para lhes escrever as cartas aos namorados, de quem eram madrinhas de guerra. Pedido que eu agraciava desde que envolvesse alguma troca de serviços (na minha imaginação...).
Recentemente, esta prática renasceu e sou frequentemente solicitado para o mesmo efeito, naturalmente com finalidades diferentes e pro bono. Porquê? Porque o analfabetismo funcional explodiu.
Pensem agora no impacto desta falta de preparação escolar nas empresas. É dramático e, pelo menos em parte, justifica o apreço que em Portugal o Comando & Controle ainda ostenta. Não se pode confiar nada a ninguém.
Como médico, vi-me sempre obrigado a verificar tudo, mas tudo. Recordo-me por exemplo, de pedir a uma enfermeira para diluir um medicamento de 2% para 1% e de ela não o conseguir fazer sozinha.
Este post vem na sequência de outro que escrevi sobre a administração por Comando & Controle e de como até o exército se está a ver obrigado a adotar métodos mais descentralizados e responsabilizadores. A chamada Desobediência Disciplinada.
Atendendo a que o exército recruta as camadas mais simples da população para a soldadesca, deixem-me concluir que um país com uma população analfabeta nem uma guerra do Solnado conseguiria vencer. E o mesmo vai para as guerras económicas e intelectuais.
Lembrem-se do Fado do 31:
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