19 agosto 2023

SEM ESPERANÇA

A esperança é uma dádiva ou uma maldição? No fundo da caixa de Pandora (Hesíodo – 700 BC), plena de aflições e tragédias, jaz a ESPERANÇA. A tristeza, as doenças, os vícios, a violência, a ganância, a loucura, a senilidade e a morte, são as desgraças que Pandora libertou para a humanidade, que as suporta com suplício porque há a esperança. A esperança na saúde, na beleza, na harmonia e na felicidade.




Sem esperança não teríamos ânimo para suportar a adversidade e a sociedade rapidamente cairia no caos, creio que dádiva portanto.

 

Penso nisto quando constato que o declínio do Ocidente destruiu a esperança. A esperança de que com esforço e honestidade é possível prosperar e garantir o futuro próprio, da família e de todos os que nos são queridos.

 

Não quero discutir as causas deste declínio, que me parecem por demais evidentes, apenas as suas consequências que são a destruição massiva da classe média, que foi empurrada para o lúmpen, resumida a uma sobrevivência indigna e lá está: sem esperança.

 

Tudo isto enquanto os 1% “engordaram” e adquiriram um poder igual ou superior ao dos Estados. Não pelo esforço de investimento e desenvolvimento, mas pelo compadrio com os governos.

 

No Ocidente, a esperança dependia da observância da Lei e é notável como o desaparecimento daquela está correlacionado com a destruição do Estado de Direito, da Democracia Liberal e Capitalista.

 

Destruída a esperança, Apolo cede o seu trono a Dioniso e é nesse arquétipo que sobrevivemos atualmente.

 

Quando saio à rua, mesmo aqui no Porto, cruzo-me com um sem-número de indivíduos que renegaram a nossa espécie – Homo Sapiens – e abraçaram o Hom@ Estupidens. Andrajosos, tatuados, alfinetados (piercinng), bêbados, drogados, estridentes e obscenos.




Creio que são indivíduos sem esperança, que aceitaram a sua condição de escravos enquanto ostentam uma atitude desafiante de faz-de-conta.

 

O “Give me liberty, or give me death”, do famoso discurso de Patrick Henry, bem poderia ser GIVE ME HOPE OR GIVE ME DEATH, porque a esperança antecede e pressupõe a liberdade.

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