GESTORES DE PÉ DESCALÇO VI
Com este post encerro a série sobre os “gestores de pé descalço”, pessoas sem talento nem formação que apropriam profissionalmente a identidade de GESTOR. Uma breve descrição sobre o âmbito da gestão e sobre a dificuldade de encontrar gestores excelentes permite identificar rapidamente os charlatães.
A finalidade da gestão é criar UTILIDADE para os clientes e a disciplina de gestão é o conjunto de conhecimentos e ferramentas que permitem atingir esse objetivo para a organização. A economia, a contabilidade e a psicologia das organizações (recursos humanos), por exemplo, constituem alicerces da gestão, mas só por si não chegam para gerir.
UTILIDADE, em termos económicos, é a satisfação ou benefício que se obtém de um produto ou serviço e corresponde ao respetivo valor de mercado – preço. Num post anterior afirmei que o SNS não pode ser gerido por ser “gratuito” para os consumidores. Assim é porque os administradores do SNS desconhecem o valor dos serviços que prestam. Quanto é que um utente estaria disposto a pagar por uma Ressonância Magnética na Guarda? Ninguém sabe!
Muitas empresas focam-se na criação de riqueza para os acionistas e nesse afã esquecem-se de que esse objetivo deriva da criação de utilidade para os consumidores. Com produtos ou serviços de utilidade reduzida ninguém enriquece.
O gestor de pé descalço, sem talento nem formação, tem tendência a cortar nos custos e a “financeirizar” a empresa para engrandecer o ROI – Retorno sobre o Investimento, sem prestar um chavelho de atenção à qualidade dos produtos e serviços que presta. É assim que surge a tendência macabra de passar trabalho para os clientes, que passam a meter gasolina, pagar a mercadoria nos supermercados e ficar sentados à espera de que nos respondam aos emails.
A dificuldade em encontrar gestores excelentes resulta da complexidade das funções e da exigência, em termos de inteligência, talento, conhecimentos e sociabilidade que são necessárias para o cargo.
Muito menos de 1% da população está habilitada a ser gestor. Pensem num talento como o do Cristiano Ronaldo e perguntem-se quantos CR7’s é que andam por aí? O mesmo se aplica à gestão, com uma grande diferença:
O talento do CR7 mede-se em golos ao Domingo, enquanto o talento de um grande gestor pode demorar décadas a revelar-se.
Queres identificar, num instante, os gestores de pé descalço? Pergunta-te se os fornecedores dos produtos e serviços que consomes estão a dar-te qualidade e a simplificar-te a vida ou se te ignoram olimpicamente.
Se não te vendem UTILIDADE = são perigosos gestores de pé descalço.
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