GESTORES DE PÉ DESCALÇO V
Em posts anteriores realcei o facto de que muitos dos “alegados gestores” da nossa praça não têm qualquer experiência nem formação em gestão e que caíram nas cadeiras do poder por um sistema de capitalismo de compadrio e estatismo.
Ora quando são catapultados para cargos de gestão, dispara o Princípio de Peter e manifestam-se sintomas de desconforto psicológico que o próprio tenta ocultar, por se sentir numa liga muito acima da sua.
Há uma razão por que os CEO’s são principescamente remunerados: é porque as suas funções exigem uma inteligência superior, talento, conhecimento das ferramentas de gestão e saber da área em que trabalham.
O gestor de pé descalço normalmente é um básico que andou a puxar o saco aos facas longas do partido, sem coluna vertebral e sempre “atento, venerador e obrigado” aos manda-chuvas do momento.
Em si mesmo, o gestor de pé descalço é um perigo, porque a sua obediência canina e falta de sentido de responsabilidade, leva-o a tomar decisões estrambólicas que podem beneficiar os amigos, mas que prejudicam gravemente o País.
Confrontados com a irracionalidade das suas decisões, o gestor de pé descalço invoca a TINA (there is no alternative) e alega que não deixa as suas emoções interferirem na “gestão”.
Se tivesse lido “O Erro de Descartes” o energúmeno nunca faria tal afirmação porque, como António Damásio explicou, as emoções são fundamentais nos processos de decisão. É através das emoções que a razão atinge o chamado ponto de satisficiência (a informação é suficientemente satisfatória – Herbert Simon, Prémio Nobel 1978); o CEO sabe que pode estar errado, mas sente-se confortável com a sua estratégia.
O gestor de pé descalço, gabando-se de que não deixa as emoções interferirem no seu “trabalhinho”, está a gabar-se de ignorância, irresponsabilidade e desprezo pela humanidade (fonte de todas as emoções).
No fundo, o gestor de pé descaço é uma espécie de Phineas Gage (foto), um fulano que foi acidentalmente “lobotomizado” e que Damásio refere no seu livro. É um doente que tem o intelecto desconectado das emoções e que, por isso, mal consegue decidir.
O apparatchik partidário – digo gestor, ao renegar o papel das emoções, sugere que também foi “lobotomizado”, talvez por muitos anos de porrada partidária.
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