18 agosto 2023

A Adega de Manuel Pinho (3)

 (Continuação daqui)


3. Chamou panasca ao juiz



Os ânimos estavam muito exaltados, particularmente entre o magistrado Carlos Casimiro que conduzia o processo no DCIAP contra Manuel Pinho e o próprio Manuel Pinho, que estava em vias de se ver despojado da sua querida  Adega. 

A exaltação entre os dois não era apenas em torno do significado jurídico da injúria, com Manuel Pinho a citar o Tribunal da Relação de Lisboa, insistindo que o palavrão vinha do grego charax (cf. aqui), enquanto o magistrado Casimiro, citando o mesmo Tribunal, dizia que a origem era do latim caraculu (cf. aqui).

O clímax da exaltação ocorreu quando Manuel Pinho citou um despacho do juiz Ivo Rosa (cf. aqui) que dizia que a acusação do Ministério Público contra ele era, literalmente, uma merda - esta foi a palavra exacta do ex-ministro, segundo fontes próximas - deitando por terra anos de trabalho do magistrado Casimiro e da sua equipa no DCIAP e deitando para o lixo  um processo que já levava 37 volumes, 20 467 páginas,  mais 6 789 horas de interrogatórios e 187 236 de escutas telefónicas, para além de arrestos diversos desde contas bancárias e automóveis de luxo até pacotes de leite Mimosa.

Foi nesta altura que o magistrado Carlos Casimiro não se conteve, perdeu as estribeiras e, segundo a revista Visão (cf. aqui), chamou panasca ao juiz.

Ora, isto é crime de homofobia.

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