27 julho 2023

O LAICISMO

LAICISMO (laïcité)




O laicismo ou secularismo é um dos princípios fundadores da República Francesa, claramente aceites pelos cidadãos, em termos culturais e constitucionais. Qualquer crítica a esse princípio, portanto, corre o risco de ser imediatamente ridicularizado e atirado para a esfera por onde circulam os asilados por doença mental ou os renegados da espécie humana.

 

Como ateu considero-me laico e por natureza sempre aceitei o laicismo como um princípio ideal e desejável. Recentemente, contudo, apercebi-me de que estava errado e que é necessário o Estado reconhecer um poder que lhe é superior e a que tem de se submeter, no supremo interesse dos cidadãos.

 

A Declaração de Independência dos EUA, explica, de forma eloquente e talvez insuperável a necessidade de aceitarmos o Criador:

 

‹‹Nós sustentamos essas verdades como evidentes, que todos os homens são criados iguais, que eles são dotados por seu Criador de certos Direitos inalienáveis, que entre eles estão a Vida, a Liberdade e a busca da Felicidade. Que para garantir esses direitos, os governos são instituídos entre os Homens, derivando seus justos poderes do consentimento dos governados››.

 

Os Pais Fundadores, inspirados em John Locke e pela mão de Thomas Jefferson, atribuíram a Deus a origem de direitos inalienáveis com que todos os seres humanos nascem e confiaram a um governo legítimo (consentido pelos governados) a responsabilidade de os garantir.

 

Em linguagem simples, os seres humanos nascem dotados de direitos que o Estado não pode violar porque seria violar a vontade evidente de Deus. O Estado está submetido aos desígnios do Criador.

 

Do modo como o laicismo tem sido interpretado, Deus é removido da equação e logo o Estado ocupa esse vazio, tornando-se na autoridade suprema. Quando Louis XIV declarou no Parlamento de Paris que o Estado era o Rei – L'État, c'est moi – podemos pensar (estávamos em 1655) que o Rei ainda se considerava um “escravo de Deus”. Atualmente, porém, o laicismo afirma que o Estado é Deus, porque se considera no topo.

 

É como se o laicismo se tivesse transformado numa nova religião, só que tirana e sem princípios inalienáveis.

 

Como ateu também rejeito esta “nova religião” e penso preferível pensar que Deus nos dotou de direitos que o Estado não pode beliscar.

 

O circo mediático e político que vivemos desde 2020, demonstra que não podemos confiar num Estado laico, mais do que confiaríamos num coio de oportunistas à rédea solta e sem quaisquer escrúpulos.

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