28 junho 2023

A DICK IS JUST A DICK

 A SELEÇÃO SEXUAL


A seleção sexual, como parte da seleção natural, opera de forma instintiva na nossa espécie, embora condicionada por todos os elementos culturais e civilizacionais que se desenvolveram nos últimos 10.000 anos.

Os machos disputam entre si o acesso às fêmeas e estas selecionam os que têm “as caudas maiores e mais iridescentes”. Por isto se diz, no linguajar popular, que um fulano se está a pavonear quando se procura destacar e chamar a atenção das fêmeas.

As fêmeas, por seu turno, costumavam mostrar-se reservadas e seletivas, procurando machos com elevado estatuto social e recursos que lhes garantissem o sucesso reprodutivo.

Disse costumavam, no pretérito imperfeito, porque, nas sociedades Ocidentais, as mulheres tornaram-se muito mais agressivas sexualmente e baixaram a fasquia da seletividade para território negativo. Assumindo um comportamento que no século XX seria caracterizado como masculino, não se importando de se cruzarem com homens de estatuto social inferior e sem recursos económicos que lhes permitam constituir família.

Normalmente são “one night stands” e deixam o sabor amargo do “inconseguimento”, se me permitem o neologismo. Não era bem o que queriam, mas é o que são os relacionamentos na época dos Tinders.

O que é que se passou, nos últimos 60 anos, que facilitou uma alteração tão brutal dos comportamentos sexuais (femininos e masculinos)?

Por parte das mulheres a pílula contracetiva (1969) e mais recentemente o uso generalizado de preservativos (com o alarme da SIDA em 1981). O sexo com compromisso evoluiu para o sexo pelo sexo, sem qualquer compromisso.

Por parte dos homens, o instinto de fornicar com o maior número possível de fêmeas encontrou plena realização, para quê repetir? Venha outra! O desgraçado que não consegue arranjar emprego e sair de casa dos pais consegue agora uma gaja diferente todos os dias da semana.
Não vou dar uma de bota de elástico e pôr-me aqui a aspergir água benta sobre a realidade dos relacionamentos sexuais no século XX. As coisas são o que são, não são o que pretendemos.

Abatida a fasquia da seleção sexual e equiparando o sexo casual à grande libertação sexual, resta-nos perguntar o porquê de tanta insatisfação? Será porque o romance se ridicularizou e o sexo apaixonado se degradou na “masturbação a dois”?

Cansadas de serem olhadas como objectos, enxofradas com o estrogénio e a progesterona da pílula e sempre com uma caixa de preservativos na carteira, a mulher moderna passou também a olhar para o macho como um simples objecto. Saem para comer um hambúrguer, seguem-se uns drinks e acaba-se numa f*da.

Como se ouve as miúdas dizerem:

— “A dick is just a dick”…



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