30 março 2023

A Economia de Francisco (3)

 (Continuação daqui)

Bairro da Jamaica, Seixal


3. Uma experiência revolucionária

A revista britânica The Economist, que é feita por excelentes economistas profissionais, ironizou com o projecto e chamou-lhe Popenomics (cf. aqui),  um neologismo que pretende significar "The Economics of the Pope". Em língua portuguesa, porém, a mais clara apresentação da Economia de Francisco vem do Brasil através das dez ideias centrais que definem esta nova Economia (cf. aqui).

Talvez valha a pena começar por perguntar quem serão os agentes activos desta  transformação económica que virá substituir a economia capitalista ou de mercado que, nas palavras do Papa, é uma economia que mata, e à qual a Economia de Francisco é tão manifestamente adversa.

A resposta está no Princípio 6 que vale a pena reproduzir na íntegra (ênfases meus).

Princípio 6 – Cremos na potência das periferias vivas

(Palavra-chave: as periferias como ponto de partida)

Cremos que o caminho de reconstrução de novas economias passe pelas “sementes de esperança semeadas pacientemente nas periferias esquecidas do planeta, destes rebentos de ternura que lutam por subsistir na escuridão da exclusão” (Papa Francisco). Cremos que é nas periferias que germinam as experiências revolucionárias que brotam das lutas emancipatórias dos movimentos sociais, das comunidades de base, dos povos originários, das articulações populares, e de tantos outros afins.


A Economia de Francisco é mais do que uma mera transformação do paradigma económico capitalista, é uma autêntica revolução que nos vai ser servida pelos pobres e excluídos das "periferias esquecidas do planeta, [esses] rebentos de ternura que lutam por subsistir na escuridão da exclusão", nas palavras do próprio Papa.

Na Economia de Francisco, os pobres assumem o lugar do proletariado na Economia comunista do marxismo, mas o resto é tudo igual, serão eles os autores da grande revolução que vai trazer ao mundo uma sociedade mais justa, mais próspera, mais fraterna e mais igualitária.

Em Portugal, o mais provável é que a revolução venha dos subúrbios de Lisboa, onde as periferias esquecidas estão mais bem definidas e concentradas. Talvez de Odivelas, da Amadora ou do Bairro da Jamaica.


(Continua acolá)

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