05 agosto 2022

os indícios

O juiz Pedro Vaz Patto apresentou-se hoje em público, na Rádio Renascença (cf. aqui) como juiz do Tribunal Patriarcal de Lisboa (cf. aqui) a promover a justiça eclesiástica sobre a justiça estatal a propósito dos abusos sexuais cometidos sobre crianças no seio da Igreja Católica.

Ao ler os argumentos do juiz Vaz Patto na Renascença fica-se com a ideia que em Portugal, em pleno século XXI, ainda existe um Estado dentro de outro Estado, cada um com os seus tribunais próprios, e o juiz Vaz Patto é juiz dos dois. É que, na realidade, ele também é juiz no Tribunal da Relação do Porto (cf. aqui, 1ª secção criminal).

Mas não apenas isso. Depois de o ver argumentar acerca da primazia que deve ser dada aos tribunais eclesiásticos sobre os tribunais civis para julgar os crimes de pedofilia na Igreja, duas perguntas ocorrem.

Primeira, na sua qualidade de juiz do Tribunal Patriarcal de Lisboa, quantos casos já julgou ou teve conhecimento envolvendo abusos sexuais de padres sobre crianças?

-Presume-se que seguramente alguns, provavelmente muitos.

Segunda, desses casos quantos levou ao conhecimento das autoridades civis?

-Presume-se que seguramente nenhum.


Vão-se avolumando os indícios de que o juiz Vaz Patto encobre crimes de pedofilia na Igreja.

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