Numa sondagem publicada ontem, 75% dos portugueses considera que D. Manuel Clemente já se devia ter demitido (cf. aqui).
Eu estou entre essa grande maioria.
As notícias divulgadas nas últimas semanas apenas antecipam o relatório da Comissão Independente que é devido no final do ano, e que não será essencialmente diferente dos relatórios já publicados noutros países.
Os abusos sexuais de menores no seio da Igreja não são um caso aqui e outro acolá. Não. São sistémicos, generalizados, representam uma cultura dentro da Igreja a que ninguém pôs cobro. A própria hierarquia cresceu nessa cultura.
E se esses abusos estão agora a ser investigados em Portugal, não foi por iniciativa de D. Manuel Clemente, mas porque a ordem veio de cima.
Que D. Manuel Clemente tenha ido buscar um juiz de um tribunal superior do país para dar a aparência de legalidade à corrupção que, nesta matéria e provavelmente em outras, grassa na Igreja, ainda é mais incompreensível, e revela um falhanço ainda maior. É que o juiz não só não conseguiu esconder a corrupção que grassa na Igreja como veio expôr a corrupção que grassa também na Justiça.
O mínimo que se pede é uma nova cara à frente da Igreja Católica em Portugal, uma cara que dê credibilidade e esperança, ao menos, de que as coisas vão mudar.
Enquanto D. Manuel Clemente e os seus acólitos, como o juiz Pedro Vaz Patto, estiverem aos comandos da Igreja em Portugal, da minha parte a Igreja perdeu um amigo e ganhou um adversário.
Cambada de corruptos! - é a triste, embora provavelmente injusta, generalização que tenho para oferecer neste momento.
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