O juiz Pedro Vaz Patto, na sua condição de presidente da Comissão Nacional Justiça e Paz, é o porta-voz laico da Conferência Episcopal Portuguesa.
Não é a primeira vez que alerto para esta situação de conflito de interesses (cf. aqui) - a de um juiz ser, ao mesmo tempo, porta-voz de uma confissão religiosa com a importância que tem a Igreja Católica em Portugal.
A questão ganha ainda mais significado quando estão em curso os trabalhos de uma comissão de inquérito aos abusos sexuais dentro da Igreja.
Que necessidade têm os bispos portugueses de se exprimirem através de um juiz, ainda por cima um juiz de um tribunal superior do país?
Receiam alguma coisa?
Como se isto não bastasse, o juiz Vaz Patto é, ele próprio, membro de uma seita religiosa que - sabe-se agora -, molesta crianças e encobre abusos sexuais sobre menores.
Em abono da credibilidade dos trabalhos da comissão de inquérito que investiga os abusos sexuais da Igreja em Portugal, em abono da credibilidade dos bispos católicos portugueses e, sobretudo, em abono da credibilidade da justiça em Portugal, seria bom desfazer este nó.
Um juiz, ainda por cima juiz de um tribunal superior, que é ao mesmo tempo porta-voz dos bispos católicos, numa altura em que se investigam os abusos sexuais na Igreja, e num momento em que vem a público que a seita religiosa a que o próprio juiz pertence tem uma cultura de pedofilia e encobrimento...
Parece mau?
Bastante.
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