Há cerca de ano e meio escrevi neste blogue uma série de artigos com o título "Um juiz à solta" que tinha como figura central o juiz desembargador do Tribunal da Relação do Porto, Pedro Vaz Patto, membro do Movimento dos Focolares [uma seita religiosa que, sabe-se agora, molesta crianças com o conhecimento da hierarquia] e porta-voz laico dos bispos portugueses, na sua qualidade de presidente da Comissão Nacional Justiça e Paz.
A certa altura, escrevi (cf. aqui):
"É inaceitável que uma instituição, como a Igreja Católica, que passa a vida a pregar a moral e a justiça aceite instrumentalizar a fé de um juiz para corromper a Justiça do seu país. A Igreja e o juiz Vaz Patto deviam conhecer melhor que ninguém a máxima cristã: "Ninguém pode servir a dois senhores" (Mt: 6:24), mas é isso que faz o juiz Vaz Patto e a Igreja acolhe de bom grado.
O que é que a Igreja Católica pretende aceitando esta situação, que o juiz Vaz Patto decida a seu favor e dos seus? Que absolva padres pedófilos? Que o juiz Vaz Patto trafique influências dentro dos tribunais portugueses para obter sentenças a favor da Igreja e dos seus fieis, como fazia o ex-juiz Rui Rangel em relação ao Benfica?"
Notícias vindas hoje a público dão conta que D. Manuel Clemente, cardeal patriarca de Lisboa, ocultou da justiça pelo menos um padre pedófilo (cf. aqui e aqui), e já há quem peça a sua demissão (cf. aqui).
Vão-se juntando as peças que explicam porque é que dá jeito aos bispos portugueses terem um juiz de um tribunal superior do país às suas ordens, enquanto o Conselho Superior da Magistratura continua a olhar para o lado.
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