17 fevereiro 2022

Os problemas dos portugueses que votaram no Chega (4)

(Continuação daqui)

SIC Notícias: "Costa quer perceber e resolver os problemas dos portugueses que votaram no Chega" (cf. aqui)



4. A família

Pedro Frazão é um deputado representativo do CHEGA em muito mais do que um aspecto. Ele foi eleito pelo distrito mais emblemático do partido - Santarém; ele é um católico assumido e membro do Opus Dei, acabando com o mito de que esta prelatura pessoal da Igreja é uma organização secreta; ele é médico-veterinário de profissão e professor de medicina-veterinária. Mas, mais importante que tudo, ele é o pai de uma família de oito filhos.

Seria difícil encontrar alguém para representar melhor a instituição que o CHEGA considera ser a instituição mais importante da sociedade - a Família.

Porém, desde que o socialismo democrático ou social democracia, sob a liderança do PS e do PSD, se instalou no país, com o seu aparato do Estado Social ou Estado Providência, a Família passou a ser uma instituição permanentemente sitiada pelo Estado.

A crise em que vive a Família pode ser resumida num pequeno número de indicadores. Nunca os portugueses se divorciaram tanto, nunca se casaram tão pouco, nunca houve tão poucos nascimentos em Portugal desde que há registos estatísticos. E nunca houve tanta publicidade negativa à Família como aquela que é promovida pelo Estado através do crime da moda - o crime de violência doméstica - como se a relação dominante na Família fosse a violência, e não o amor.

A Família é o locus do amor e é na Família que se encontram todas as formas de amor, desde o amor romântico ao ágape, o amor que não espera retribuição. O Estado, pelo contrário, é o locus do poder, na realidade, o Estado é o monopólio da força. Substituir a Família pelo Estado como instituição dominante da sociedade, como tem feito o socialismo, conduz, entre outras coisas, a tornar as relações sociais mais agressivas e violentas. 

Eu gostaria de ilustrar este ponto partindo de um episódio pessoal. Embora tenha sido criado numa Família onde existia um cão, desenvolvi com o tempo um medo aos cães que às vezes roça o pânico. Ora, a queda da natalidade tem feito com que haja cada vez menos homens e mulheres em idade de procriar a passearem crianças na rua, e haja cada vez mais a passearem cães. Nunca me senti ameaçado por uma criança na rua, mas ando hoje permanentemente em pânico por cada cão que passa por mim.

O cão, como instrumento de agressão, é apenas um sinal da sociedade onde a Família tem vindo a perder influência em benefício da instituição - o Estado - que tem o monopólio da agressão. Numa sociedade onde prevalece a Família e o cimento que a mantém  - o amor -, podemos esperar que os mais fracos serão considerados e as suas necessidades atendidas. Pelo contrário, numa sociedade onde prevalece o Estado e o cimento que o mantém - o poder - podemos ter a certeza que os mais fracos serão esmagados.

Não surpreende que o CHEGA seja um genuíno partido do povo, congregando os estratos mais desprotegidos da sociedade, às vezes mais parece um partido de descamisados. Acerca do CHEGA já foi dito que parece um partido de pessoas zangadas. São as pessoas sem voz, que se sentem esmagadas pelo "sistema", e que encontraram na força colectiva do CHEGA a sua única voz de protesto.

Eu recomendaria, portanto, ao primeiro ministro para olhar para a crise da Família como outro dos problemas dos portugueses que votaram no CHEGA.

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